Servidores de São Paulo exigem participar do debate sobre mudanças no ensino

REORGANIZAÇÃO

Sinpeem desmente unificação da rede municipal com a estadual anunciada por Alckmin e Doria e rejeita quaisquer alterações sem uma avaliação criteriosa
por Cida de Oliveira, da RBA publicado 20/01/2017 16h31, última modificação 20/01/2017 16h40
FÁBIO ARANTES/SECOM PMSP
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A demanda reprimida por creches é o maior problema da prefeitura de São Paulo na área de Educação
São Paulo – Docentes, gestores e profissionais de apoio das escolas municipais de São Paulo rejeitam mudanças na organização do ensino e a unificação da rede com a do estado, alardeada recentemente pelo prefeito João Doria e o governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB. Para o Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), quaisquer alterações devem ser amplamente debatidas com todos os setores envolvidos e respaldadas em avaliações criteriosas.
O posicionamento foi reiterado pela entidade em reunião com o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider. No entanto, de acordo com o presidente do Sinpeen, Claudio Fonseca, Schneider confirmou apenas a criação de uma comissão para estudar ações conjuntas que poderão ser implementadas para o atendimento à demanda reprimida por educação infantil, estimada em 97.500 vagas, conforme dados oficiais de 2016. Entre elas, o compartilhamento de prédios estaduais ociosos, que seriam readequados e transformados em creches e pré-escolas – a principal demanda. E a organização de um calendário único a ser adotado por ambos.
Tais medidas são bem vistas pelo dirigente. “O ex-prefeito Haddad foi muito criticado por se reunir com Alckmin para discutir o uso de prédios escolares, quando a iniciativa é acertada. É preciso buscar saídas para ampliar o atendimento. Construir escolas requer a obtenção de terrenos, o que não é fácil e nem rápido”, disse.
Fonseca aprova também a criação de um calendário único de dias letivos, férias e recessos a ser seguido pelas duas redes. “Isso é benéfico para os profissionais, pais e alunos. Há muitos que trabalham nas duas redes, assim como pais com filhos em escolas estaduais e municipais. A agenda passa a ser única, facilitando a vida de todos”, destacou.
O dirigente, no entanto, critica a reorganização do ensino que Doria tem anunciado. Para ele, isso pressupõe mudanças nos ciclos ou na reprovação. Até 2014, o aluno de escola municipal só poderia ser reprovado no final dos dois ciclos. “No entanto, para cumprir promessa de campanha, Fernando Haddad fez modificações para permitir a retenção no 3º, 6º, 7°, 8° e 9° ano. Não concordamos porque a escola existe para ensinar e não para reprovar”, disse Fonseca, destacando a necessidade de investimentos no ensino para que a progressão continuada deixe de ser sinônimo de promoção automática, com garantia de aprendizado para o aluno, afastando a punição da repetência.  
O sindicalista defende que quaisquer alterações na organização do ensino devem ser respaldadas por uma avaliação criteriosa, que inclua os educadores municipais nesse processo.

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