Falta de material adia cirurgia no Conjunto Hospitalar



Samira Galli
 Marcada para as 8h de ontem, a cirurgia do vendedor Celso dos Santos, de 31 anos, foi suspensa nas portas do centro cirúrgico no Hospital Regional por falta de materiais para realizar o procedimento. Santos estava internado desde o dia 22, mas só foi avisado do problema no momento da operação, quando já estava medicado e em jejum. "É desumano fazer isso com qualquer um. Lá, fiquei sabendo de pessoas que vem inclusive de outras cidades e vão embora do mesmo jeito que chegaram, pelo mesmo motivo", afirmou. O Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) confirma que houve uma falha pontual na compra dos materiais, mas que a situação deverá se regularizar em uma semana.
 No dia 11 de novembro do ano passado, Santos fraturou uma das vértebras ao cair do telhado enquanto trocava as telhas da casa. O vendedor não ficou impossibilitado de andar, mas sente fortes dores e está com os movimentos limitados. "Eu não consigo sequer carregar minha filha de três anos no colo, muito menos brincar com ela", contou.
 Afastado do trabalho desde o acidente, Santos foi encaminhado para cirurgia em janeiro deste ano e realizou todos os exames pré-cirúrgicos. "Os médicos acharam que a única forma seria a intervenção", afirmou. Ao passar por consulta no dia 12 de julho, ele saiu do hospital com o pedido de internação, que solicitava a utilização do "kit de cifoplastia", instrumentais e balões descartáveis para a realização da operação na coluna.
 Ele afirmou que, de acordo com os médicos, os pedidos para a compra de materiais estão sendo feitos normalmente, mas não há retorno da administração do hospital. "Fui informado que está faltando todo tipo de material, até os mais básicos", disse. Santos contou que muitos profissionais se mostravam indignados e disse que os escândalos descobertos em junho pela "Operação Hipócrates", que denunciou um esquema de fraudes no setor da saúde pública, complicaram ainda mais a situação. "Parece que os profissionais não são levados a sério, como se todos estivessem envolvidos nos problemas. Não é certo isso", destacou.
 Assim que foi suspensa a cirurgia, Santos voltou para a internação e, após passar o efeito da medicação, foi acordado com uma notificação com o telefone do médico responsável, para remarcar a cirurgia. "À tarde já estava em casa, sem resolver o problema."
 O vendedor continua usando um colete na coluna para evitar complicações e aliviar as dores, mas teme pela própria saúde. "Só Deus sabe quando retorno para a operação. Enquanto isso, fico me humilhando para o INSS para provar que existe um problema de saúde."
  Resposta
 A assessoria do CHS confirmou ontem a falha na compra dos materiais que impossibilitou a realização da cirurgia de Santos. E afirma que os materiais cirúrgicos necessários para esse caso, bastante específicos, já foram objetos de licitação e a situação deverá se regularizar em aproximadamente uma semana. O CHS se comprometeu ainda a entrar em contato com o paciente para remarcar a cirurgia. E garantiu que o caso será analisado administrativamente, a fim de rever possíveis falhas de conduta com relação à marcação de procedimentos e compras de materiais.

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