Na avaliação de políticos e marqueteiros, web vai dar
projeção aos temas do quotidiano do eleitorado
Adriano Ceolin, iG Brasília | 27/07/2011 13:46
Apesar da reconhecida força da TV, a internet vai impulsionar a
discussão de temas locais nas eleições municipais de 2012, avaliam políticos e
marqueteiros que já começaram a estudar estratégias de comunicação para as
disputas das prefeituras. Sobretudo, nas grandes cidades, a rede mundial de
computadores terá relevância maior no pleito municipal do que teve no nacional,
realizado em 2010. A nova classe média, que a cada dia acessa mais a internet,
é o principal público-alvo a ser conquistado.
Na última semana, a reportagem do iG conversou
com políticos e marqueteiros que começaram a rascunhar como pretendem
conquistar o eleitorado. Apesar da indefinição de nomes e coligações,
especialistas em comunicação política já avaliam cenários.
O carioca Felipe Soutello integrou a coordenação da equipe
comunicação da campanha de José Serra (PSDB)
ao Palácio do Planalto no ano passado. Era ele quem acompanhava o tucano em
debates, por exemplo.
Segundo
Soutello, a internet terá um papel mais importante em 2012 do que teve em 2010.
Ele avalia a rede mundial de computadores vai servir como caixa de ressonância
para discussão dos problemas cotidianos, como trânsito e segurança. “Os
norte-americanos começaram a estudar técnicas dos anos 30, 40, quando a
comunicação política era feita boca a boca”, disse Soutello. “A internet tem um
pouco disso. Tudo é direto. A mobilização é maior”, completou.
Foto: AEAmpliar
Internet já pautou eventos como 'Churrasco de gente
diferenciada' e tende a ganhar um papel ainda maior na eleição municipal de
2012
Soutello
citou, como exemplo recente, o episódio da estação do metrô no bairro
paulistano de Higienópolis. Em maio deste ano, moradores do bairro fizeram
lobby contra a obra. Alegaram que, com o metrô, “gente diferenciada” - um
eufemismo para pessoas de classes C e D - frequentaria a região.
A resposta foi quase imediata. Centenas de pessoas de outras
regiões da cidade de São Paulo começaram a discutir o assunto pela internet e
resolveram organizar um protesto bem humorado, o chamado “churrasco da gente
diferenciada”.
Temas
locais
Segundo
deputado federal mais votado no Estado de São Paulo, Gabriel Chalita é um dos
políticos que saíram na frente para tentar se viabilizar como candidato a
prefeito da capital. Ele migrou do PSB para o PMDB, partido que sozinho terá o
segundo maior tempo de TV no horário eleitoral gratuito.
Há cerca de dois meses, Chalita procurou o jornalista baiano
Marcelo Simões para contratá-lo como marqueteiro. Integrante da vitoriosa
campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em
2002, Simões não fechou contrato com o deputado, mas trocou impressões sobre
como Chalita poderia se posicionar melhor nesta pré-campanha.
A dica
principal foi para Chalita discutir mais os temas diretamente ligados à vida do
paulistano. No Twitter, o deputado começou a publicar com mais frequência
textos sobre o trânsito e segurança pública. Na sexta-feira (22), Chalita
escreveu: “Mais de 300 pessoas morreram em acidentes de carro na madrugada de
São Paulo em 2010”.
No mês
passado, Chalita passou a integrar a Frente Parlamentar Mista de Combate ao
Bullying e Outras Formas de Violência. Apesar das novas recomendações, Chalita
não abandonou o uso de frases e citações. “Incontinente é aquele que não
planeja fazer o erro mas que não pensa nas consequências”, escreveu no Twitter
no mesmo dia 22 de julho.
Nova
classe média
Um dos
alvos das campanhas de 2012 também será a nova classe média. A avaliação é do
José Fernandes, que foi contratado pelo DEM para redefinir uma estratégia de
comunicação para o partido. “O partido precisa lembrar a população que a nova
classe média veio graças à estabilização da moeda, que o DEM, quando era PFL,
ajudou a promover”, disse. “Precisamos resgatar bandeiras antigas do partido.”
Em
2010, Fernandes comandou a campanha de José Agripino (DEM) para o Senado.
Apesar de ter sido um líder de oposição ao governo Lula nos últimos oito anos,
ele conseguiu se reeleger. Hoje Agripino é presidente do DEM. “No Rio Grande do
Norte, Agripino é popular, resolveu muitos problemas quando foi prefeito e
governador nos anos 80 e 90”, disse. “Conseguimos convencer o eleitor que, em
Brasília, ele é importante para defender o Estado”, completou.
Efeito
Lula, Aécio...
Seja no governo ou na oposição não há quem negue a importância
de Lula na eleição da presidentaDilma Rousseff em
2010. No entanto, já se sabe que, apesar da disposição do ex-presidente, na
eleição municipal seu peso político como cabo eleitoral de luxo tende a ser
menor do que numa disputa nacional.
A maior
prova disso foi a eleição de 2008, quando diversos candidatos apostaram na
força de Lula para vencer. Os casos clássicos são os da Prefeitura de São
Paulo, quando Gilberto Kassab (DEM) bateu a petista Marta Suplicy (PT), e de
Natal, quando Micarla Sousa (do PV, mas apoiada pelo DEM) superou a também
petista Fátima Bezerra.
Foto: Futura PressAmpliar
Na corrida municipal, cabos eleitorais como Aécio Neves e Lula
tendem a ter peso menor
Em Belo Horizonte, por pouco não ocorreu algo parecido. O então
governador mineiro Aécio Neves(PSDB)
e o então prefeito da capital Fernando Pimentel (PT) se uniram para eleger
Márcio Lacerda (PSB).
No
início da campanha, o tucano e o petista apareciam mais no programa eleitoral
do que o socialista. Mesmo bem avaliados, Pimentel e Aécio não conseguiram
transferir todo seu prestígio a Lacerda para fazer com que ele ganhasse no
primeiro turno. Pior. O socialista quase foi derrotado por Leonardo Quintão
(PMDB).
No
segundo turno, foi preciso uma alteração na estratégia de campanha para que
Lacerda conseguisse derrotar Quintão. O foco deixou de ser em cima do apoio de
Pimentel e Aécio. Investiu-se mais sobre quem era Lacerda e nas deficiências de
Quintão.
“Eu era
a favor das mudanças ainda no primeiro turno, mas fui voto vencido”, contou o
deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), que era um dos coordenadores da campanha.
“Não tem jeito. Toda campanha municipal precisa mostrar quem tem mais condições
de resolver os problemas da
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