Reciclar ao invés de aterrar



Sorocaba produz 14 mil toneladas de lixo ao mês. Metade disso poderia ser reciclado, mas menos de 3% é reaproveitado. O resto acaba debaixo da terra


Gilson Hanashiro/Agência BOM DIA
Funcionários e máquinas trabalham em aterro sanitário de Iperó, município vizinho que recebe diriamente toneladas de lixo “exportadas” por Sorocaba
Funcionários e máquinas trabalham em aterro sanitário de Iperó, município vizinho que recebe diriamente toneladas de lixo “exportadas” por Sorocaba
Pedro Guerra 
Rodrigo Rainho
Agência BOM DIA

Todos os meses, Sorocaba manda para debaixo da terra cerca de 7 mil toneladas de lixo que poderiam ser recicladas. Isso porque a cidade engatinha quando o assunto é  reaproveitamento e não possui umapolítica pública e estrutura física que deem conta de reciclar grandes volumes. O resultado é irrisório: apenas 2,8% do volume total de lixo é reaproveitado de alguma maneira e retorna às indústrias para serem transformados em um novo produto ou matéria prima.
Não bastasse o problema ambiental que a falta de reciclagem causa, a cidade paga caro para dar destinação ao lixo, que atualmente é “exportado” para a cidade vizinha Iperó e colocado num aterro sanitário privado. Como a medida funciona mediante contrato emergencial, Sorocaba está realizando um processo licitatório para definir qual o futuro da destinação de seu lixo. Uma coisa, é fato: se mais lixo fosse reciclado, menos seria levado para os aterros, o que deixaria mais barata a  “exportação.”
Muito pouco /As quatro cooperativas de catadores que atuam em Sorocaba coletam e destinam à reciclagem 400 toneladas por mês, menos que as cerca de 460 toneladas que a cidade gera num único dia. 
Segundo o doutor e engenheiro de materiais Sandro Mancini, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), metade dos 14 mil quilos de lixo gerados ao mês  por Sorocaba é composta por materiais orgânicos, como restos de comida. A outra metade, no entanto, que agrupa papéis, vidros e outros materiais que são passíveis de reciclagem, são mal aproveitados.
O  secretário  municipal de Parcerias, Carlos Laino , reconhece que a reciclagem precisa melhorar. Além de disponibilizar mais caminhões até o final do ano, a prefeitura lançará uma campanha junto às escolas para incentivar as crianças a “puxarem” a reciclagem em suascasas.
O secretário alega que para a prefeitura seria “muito cômodo” incluir a coleta seletiva entre as incumbências da empresa que assumirá o gerenciamento do lixo após a licitação, mas isso iria contra o “caráter social” envolvendo as cooperativas da cidade. “As cooperativas permitem a  inclusão social e   geram renda para famílias carentes”, alega.

4 mil catadores/Mas se a justificativa é a de que a coleta envolvendo cooperativas tem cunho social, a pergunta é a mesma: por que motivo a reciclagem não é ampliada, então?

Se todo o lixo reciclável de Sorocaba fosse explorado,   ao invés dos atuais 160 catadores seriam necessários 4 mil, afirma a coordenadora do Ceadec (Centro de Estudos e Apoio ao Desenvolvimento, Emprego e Cidadania), Rita de Cássia Viana.

Para José Augusto Rodrigues de Morais, presidente da Coreso, a maior cooperativa de Sorocaba,  “É urgente que a Prefeitura melhore a logística e estrutura da coleta de recicláveis, entre o número de caminhões e galpões.”

A coleta seletiva efetiva é possível, mesmo para grandes municípios. Um exemplo é Santo André, que possui 670 mil habitantes e desde o ano 2000 oferece a coleta seletiva a 100% da cidade. O município é um dos cinco do Brasil que conseguiram atingir todos os domicílios com a coleta seletiva.

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