Brasil quer conter imigração haitiana


Amazônia é a porta de entrada de imigrantes ilegais, que chegam a pagar US$ 5 mil a grupos criminosos para ingressar no País


JAMIL CHADE , CORRESPONDENTE / GENEBRA - O Estado de S.Paulo
O sonho de um imigrante haitiano de deixar um dos países mais pobres do mundo, desembarcar ilegalmente no Brasil e recomeçar sua vida custa, hoje, US$ 5 mil. Investigações realizadas pelo Ministério da Justiça apontam que grupos criminosos estão cobrando um valor cada vez mais alto dos haitianos que querem tentar a sorte no País, entrando pela fronteira amazônica e arriscando suas vidas.
Em entrevista ao Estado, o secretário executivo do Ministério da Justiça, Luis Paulo Barreto, aponta que vistos humanitários permanentes serão dados aos haitianos. Os vistos permitirão que os imigrantes possam trabalhar no País. No total, o Brasil deverá legalizar mais de 3 mil haitianos que chegaram ao País nos últimos meses. Ainda neste mês, mil haitianos serão agraciados com o visto humanitário por parte do Brasil.
Mas o governo sabe que não poderá resolver o problema apenas regularizando a chegada dos estrangeiros e já teme a transformação da Amazônia na porta de entrada da imigração ilegal no País. Por isso, vai estabelecer uma política em 2012 para lidar com a chegada de haitianos e mesmo de outras nacionalidades. "Por dia, são cerca de 50 haitianos que chegam ao Brasil por Tabatinga", afirmou Barreto, que participou de encontros na ONU em Genebra.
De acordo com o secretário executivo do ministério, o governo já identificou que a Amazônia passou a ser a porta de entrada para imigrantes afegãos, indonésios e mesmo da Mauritânia, todos em situação irregular. "Não sabemos ainda muito bem qual é a rota que fazem até chegar ao Brasil. Mas sabemos que vários deles são atraídos por frigoríficos em Brasília, Minas Gerais e na Região Sul. Esses frigoríficos contratam muçulmanos para orientar o abate de animais para permitir a exportação de carne para países árabes", explicou o secretário.
As investigações da Polícia Federal indicaram que os grupos criminosos responsáveis por passar os imigrantes pelas fronteiras são de origem mexicana e atuam da mesma forma que fazem, há anos, na fronteira entre o México e os Estados Unidos. Os "coiotes", como são chamadas as pessoas contratadas para guiar imigrantes clandestinos pela fronteira, já atuam desde a capital Porto Príncipe, prometendo a haitianos uma vida melhor no Brasil e até garantindo que a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte irá gerar 25 mil empregos.
Trajeto. O caminho dos imigrantes rumo ao Brasil é um voo até o Equador, país que não exige visto de nenhum outro no mundo. De lá, são embarcados em caminhões e carros até o Peru. Para entrar no Brasil, pagam mais US$ 200.

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