'A operação Hipócrates é página virada'


O diretor do Conjunto Hospitalar Sorocaba promete mudar a imagem com terceirização e mais controle
Em 2012, o CHS (Conjunto Hospitalar Sorocaba) terá uma nova cara, com atendimento mais rápido e melhor. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e médicos anestesistas. É o que afirma o diretor do Complexo, Luis Azevedo e Silva, com exclusividade ao BOM DIA.
Com especialização em gestão hospitalar no currículo, o ex-diretor do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas foi nomeado pelo governador Geraldo Alckmin como interventor do CHS em junho, após o início do escândalo da Operação Hipócrates - deflagrada pela Polícia Civil e o Ministério Público - que indiciou 48 médicos e agentes de saúde por fraudes e plantões não trabalhados.
Nos últimos seis meses, enfrentou denúncias de falta de médicos, atendimento demorado, suspeita de um auxiliar de enfermagem, que teria estuprado a paciente. Calmo e com o discurso pausado e reflexivo,  o atual diretor do CHS afirma que começou a mudar a estrutura do local e, principalmente, “resgatar a vontade de trabalhar no Conjunto”. “Minha principal função é resgatar o orgulho, a auto-estima de quem trabalha no CHS”, diz. “O hospital estava acéfalo, desamparado. Não existe na região um centro hospitalar com esta magnitude. Vou renovar a equipe e a estrutura”, diz.
Prioridade
A contratação por OS (Organização Social) se dará para procedimentos pontuais. Os convênios, que não exigem licitação,  preenchem uma lacuna de 30 leitos - três médicos, três enfermeiros e 15 auxiliares de enfermagem. “Vai melhorar as condições de trabalho. O que mais frustra é não ter equipe para atender o paciente”, afirma o diretor. O material em estoque melhorou, segundo Azevedo Silva. “Hoje, 81% dos ítens padronizados estão disponíveis. Até o primeiro semestre de 2012, será 90%, próximo da rede particular.”
Diretor põe culpa em prefeituras por ‘caos’
Quando qualquer transeunte passa pela calçada do CHS (Conjunto Hospitalar Sorocaba), não deixa de ver os pacientes à espera de consulta ou atendimento, gente reclamando de consulta desmarcada ou agendada para daqui a quatro ou seis meses, falta de médicos ou cirurgia adiada. O BOM DIA perguntou a Luis Azevedo Silva o seguinte: “Afinal, quando esse caos vai acabar? Quando os usuários do Sistema Único de Saúde, no CHS, vão ser bem atendidos, sem burocracia? “Vejo dois problemas que geram todos esse problemas. Primeiro, as prefeituras não fazem como deveriam o atendimento primário, nas unidades básicas de saúde. E depois trazem os pacientes de uma só vez ao Conjunto, o que gera aquela espera pela consultada marcada para mais tarde”, analisa. “Segundo, aumentaram os atendimentos de urgência. 
Hoje, são 65%, basicamente são causas violentas. Quando surge um atendimento assim, que não podemos recusar, a cirurgia eletiva, marcada, é adiada”, explica. 
Azevedo Silva admite que a demanda por atendimento de saúde cresceu, “mas a estrutura pública não acompanhou”. “Faremos a terceirização pontual de outros serviços, como protocolo clínico e fisioterapia, além da UTI”.
Sobre o caso da paciente supostamente estuprada pelo auxiliar de enfermagem, ele foi objetivo: “Recebi a denúncia em minha mesa com atraso. Agora é um caso da polícia e da justiça. Estamos contribuindo com as investigações.”
Casos como o de André Luiz Alves, lavrador que levou 71 dias para ser diagnosticado como doente de câncer de língua, Azevedo Silva se defendeu: “O tumor dele já era grande quando chegou ao Conjunto. A situação do paciente já era muito grave, o tumor era tão grande que obstruía a passagem de ar”, afirma.
Apesar da demora, várias consultas foram agendadas para o lavrador e ele segue em tratamento, de radioterapia e quimioterapia.

Sobre corrupção, o diretor do CHS foi prudente nas palavras. Afirmou que melhorou os mecanismos de controle e que o estado está mais atento. “Minimizei as chances de fraudes e de plantões não trabalhados. Mas não depende só de mim”.


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