Ainda nesta noite ainda cometeremos o milagre. Ainda nesta noite ainda algo se acrescerá aos nossos propósitos. Ainda nesta noite ainda até mesmo os enfeites daquela festa perdurarão e cada qual se indagará: Por que estou na praça sozinho? Depois convirá como a flor dentro do ventre: basta crescer devagar, basta crescer devagar que a morte é safra sobre safra, que a morte é safra sobre safra. Ainda nesta noite ainda olharemos em profundidade. Os caminhos, os encontraremos, iguais na convergência e na medida, e, sem dúvida ouviremos tudo fluir, e, sem dúvida ouviremos tudo filtrar, pois os corações saberão erguer-se como mãos para tocar-se. E tu, que não gostas da cidade vazia, porque sentes o coração menos dividido, contemplas: voltaste a floração com tanta alegria como dois pássaros que se chocam no ar para se ferirem de morte igual. Ser amigo é conferir um mundo interior de possibilidades Ser amigo é linguagem extrema. Vem parto estranho, fruto nascido de folhas. Vem ao plátano, este pássaro de nunca desprender-se por mais alto que se projete. Vem. Ainda nesta noite ainda as águas maduras escurecerão o tronco, as paradas águas paradas somente no fundo floridas. Sequer volveremos o rosto à praça do futuro como se fosse a praça perdida antes do nascer Sequer desconheceremos o tempo que virá depois avançando como um cavalo infinitamente lançado para o espaço. Ainda nesta noite ainda ninguém ousará erguer-se para a simplicidade. E todos crescerão em todos os sentidos para nós crescermos em sentido contrário.
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