Pirapitingui volta a ter problemas com refeições a pacientes



Leite puro no café da manhã e almoço às 16h geram reclamações; cozinha do hospital está interditada desde o dia 18

 Jornal Cruzeiro do Sul
Carolina Santana
carolina.santana@jcruzeiro.com.br

Os 260 pacientes e familiares, mais os 80 funcionários do hospital Doutor Francisco Ribeiro Arantes, mais conhecido como Pirapitingui, em Itu, voltaram a enfrentar problemas com alimentação ontem. Com a cozinha interditada pela Vigilância Sanitária desde o último dia 18, as refeições estão sendo entregues por uma empresa terceirizada. Funcionários e familiares de pacientes, que não quiseram se identificar, denunciaram que neste sábado leite puro com meio pão foi servido no café da manhã e que o almoço foi entregue às 16h. Os problemas foram confirmados pela Secretaria de Estado da Saúde, a qual alegou ter sido um problema causado por falta de gás. O nome da empresa contratada para o fornecimento da alimentação e o valor do contrato não foram divulgados.

Temendo represálias por parte da direção, os funcionários preferem ficar no anonimato. Eles informaram que os enfermeiros deram pão que havia sobrado de sexta-feira para os pacientes. "A gente ainda se vira, vai na padaria e toma um lanche, mas muitos deles não têm nem como sair do hospital. É uma judiação", lamentou uma pessoa que trabalha no local. Ainda segundo os funcionários, alguns moradores do hospital - antiga colônia de portadores de hanseníase - têm dinheiro e puderam comprar alimentos, outros, porém, dependem exclusivamente da alimentação fornecida pelo Estado.

Os internos do Pirapitingui contaram ainda com a solidariedade dos vizinhos. Por volta das 15h, uma equipe do Centro de Desenvolvimento do Portador de Deficiência Mental (Cedeme) enviou uma caixa de bananas para quem ainda não havia se alimentado. "Isso foi o que ajudou, pois nem todo mundo tinha conseguido comer. Tinha gente que estava desde manhã só com um copo de leite no estômago", reclamou outro denunciante. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria da Saúde, à tarde, disse que a situação tinha sido normalizada, que foi um problema pontual, causado por problemas no fornecimento do gás encanado do restaurante contratado para fornecer as refeições.
 
Interdição 
A cozinha e o refeitório do hospital foram interditados pela Vigilância Sanitária no último dia 18. Com condições precárias de conservação de alimentos, o local abrigava ratos e baratas. A interdição aconteceu após denúncia feita por moradores e funcionários ao Ministério Público. Na ocasião, o coordenador de serviços de saúde da Secretaria da Saúde, Sebastião André de Felice, informou que uma reforma será feita nas instalações com problemas. Divulgou ainda que os fatos serão apurados e os responsáveis pelas ocorrências podem ser penalizados.

Criado em 1932 e administrado pela Secretaria de Estado da Saúde, o hospital teve o seu auge na década de 1960 ao comportar aproximadamente 4 mil pacientes ao mesmo tempo. Atualmente, os 260 pacientes e familiares vivem numa área de dez alqueires (242 mil metros quadrados - dimensão equivalente a 24 campos de futebol) situada no bairro Cidade Nova, em Itu.

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