Após decisão do STF, João Paulo retira candidatura a prefeito de Osasco


Deputado federal do PT admitiu não ter condições de levar adiante a disputa eleitoral e teve que aceitar a indicação do vice de sua chapa, Jorge Lapas, como seu substituto na corrida


Vera Rosa, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Depois de receber nesta quinta mais uma condenação do Supremo Tribunal Federal (STF), desta vez por lavagem de dinheiro, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) decidiu renunciar à candidatura a prefeito de Osasco e foi obrigado a aceitar o vice da chapa, Jorge Lapas, como seu substituto. A decisão deverá ser comunicada oficialmente nas próximas horas.
Decisão sobre saída da disputa foi tomada durante reuniões ao longo do dia - Andre Lessa/AE
Andre Lessa/AE
Decisão sobre saída da disputa foi tomada durante reuniões ao longo do dia
Abatido e emocionado, o deputado disse a correligionários, em reuniões ao longo do dia, que foi injustiçado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), vítima do que o PT chama de "farsa" do mensalão, e admitiu não ter condições de levar adiante a candidatura.
Mesmo assim, ele pretendia escolher outro nome para substituí-lo. Avaliava que o também petista Jorge Lapas, ex-secretário municipal de Obras e de Governo, não era conhecido do eleitorado nem tinha densidade política. Mas sofreu uma derrota em seu próprio partido e não teve escolha.
Na prática, a resistência de João Paulo a ceder a vaga para Lapas refletiu uma queda de braço com o prefeito Emídio de Souza. Uma briga entre criador e criatura. Emídio assumiu a Prefeitura de Osasco em 2005 - indicado por João Paulo, então presidente da Câmara - e está no segundo mandato.
No ano passado, o prefeito chegou a dizer ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o candidato à sua sucessão deveria ser Jorge Lapas. Alegou que João Paulo era réu no processo do mensalão e que, se condenado pelo Supremo, o PT poderia perder a Prefeitura.
O deputado, porém, não acreditava que a Ação Penal 470 fosse julgada neste ano. Além disso, tinha convicção de que seria absolvido. Por maioria de votos, no entanto, o STF condenou João Paulo por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.
Até mesmo o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos foi consultado sobre quais deveriam ser os próximos passos de João Paulo. "Ele tem que renunciar o mais rápido possível", disse Thomaz Bastos ao telefone, na quarta-feira, numa conversa presenciada pelo Estado.
Na noite de ontem, aliados do deputado afirmavam que quanto mais ele demorasse para anunciar oficialmente a desistência do páreo, mais seria responsabilizado pelos prejuízos à campanha petista em Osasco, que já estava fragilizada mesmo antes da condenação. João Paulo estava em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto e sua rejeição aumentou depois do veredicto do Supremo. Petistas temem perder a Prefeitura de Osasco para Celso Giglio (PSDB), que lidera os levantamentos eleitorais.

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