Após intoxicação, 40 presos são transferidos


Na terça-feira, presos sofreram intoxicação alimentar na Penitenciária Antonio Souza Neto (P2) - Por: Emídio Marques


 Jornal Cruzeiro do Sul
Adriane Mendesadriane.mendes@jcruzeiro.com.br

Depois da denúncia da intoxicação alimentar coletiva ocorrida terça-feira a noite na Penitenciária Antonio Souza Neto, a P2, os funcionários acusam agora a direção quanto ao risco de disseminar uma epidemia em outras unidades, após a decisão de transferir, em plena madrugada, 40 presos, desrespeitando assim a "quarentena epidemiológica" que teria sido decretada pelo corpo diretor do Departamento de Saúde do presídio. O fato foi comunicado à Coordenadoria Estadual da Pastoral Carcerária.

Na nova denúncia feita ao jornal por meio do "agente de segurança penitenciária (asp) indignado", às 3h de ontem a direção da unidade transferiu 40 homens para outros presídios, cujas localidades não foram informadas pela assessoria de imprensa da SAP, que no entanto admitiu "que houve sim transferência padrão de presos", negando porém que a remoção tenha tido "qualquer relação com a possível intoxicação alimentar". Também segundo a assessoria, somente "32 presos foram atendidos no setor de enfermaria com diagnóstico de possível diarreia", e que teriam havido mais aproximadamente 200 casos semelhantes mas que não tiveram a necessidade de atendimento de emergência, tendo sido todos atendidos.

Ainda de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria, o problema teria sido ocasionado pelos próprios presos, sendo que na noite de terça-feira alguns deles, ao receberem mercadorias próximo do horário do jantar, deixaram suas marmitex para consumirem posteriormente e não na hora em que lhes foi entregue. Para a SAP, o acondicionamento incorreto da alimentação composta por frango causou a intoxicação, uma vez que o restante da população carcerária não apresentou anormalidades.

A assessoria também afirmou, em nota, "que não houve necessidade de atendimento externo, graças ao setor de saúde da unidade que teve pleno controle da situação fazendo os atendimentos e acompanhamentos necessários com rapidez, agilidade e eficiência". Mas a denúncia mantém a afirmação de que a intoxicação teria atingido mais de 300 homens, e que toda essa situação, agravada pela remoção, foi comunicada por email ontem ao coordenador da Pastoral Carcerária Estadual, Deyvid T. Livrini Luiz, que por sua vez respondeu encaminhar tais informações ao coordenador em Sorocaba. A reportagem não conseguiu contato com Deyvid Luiz.

Ainda ontem, o presidente do Conselho da Comunidade Carcerária, o advogado Roberto Fieri, disse que na segunda-feira irá protocolar a denúncia junto à Vara das Execuções Criminais, a fim de que o juiz Marcos José Corrêa tome ciência oficialmente dos fatos. O juiz disse ontem que, tão logo a denúncia seja formalizada, que a direção da unidade prisional terá 48 horas para informar o que houve, bem como as medidas adotadas para solucionar o problema.

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