'Capinhas' que assessoram os ministros do STF falam sobre as brigas



Doze homens e nenhum segredo. Sempre à sombra dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal e do procurador-geral Roberto Gurgel, eles têm visão privilegiada do julgamento do mensalão.
Testemunhas das discussões, eles elencam nos bastidores as principais cenas entre os ministros no cafezinho do STF, com destaque para um bate-boca acalorado entre Gilmar Mendes e Marco Aurélio: a palavra mais gentil no episódio foi "moleque".
Encarregados da estrutura oferecida aos ministros -da arrumação das cadeiras à distribuição de votos-, eles são os assistentes de plenário, apelidados de "capinhas" pela capa de cetim preta.
"É uma função de extrema confiança e responsabilidade, eles ouvem conversas reservadas, acompanham tudo", disse Gilmar Mendes.
Funcionários da instituição, os auxiliares são aconselhados pelos ministros a não dar declarações, mas falaram reservadamente.
Além dos cuidados com os ministros, os assistentes zelam um pelo outro. Recentemente, um funcionário de Lewandowski picotou no gabinete, acidentalmente, o voto que Joaquim Barbosa acabara de distribuir. Solidários, os capinhas emprestaram o voto de outro ministro para tirar cópia e repuseram o calhamaço antes que o revisor suspeitasse do incidente.
Com teto salarial de R$ 11,7 mil mensais, eles carregam as togas, preparam os ministros antes da sessão, cuidam das acomodações: com problemas de saúde, Joaquim Barbosa requer a troca de cadeiras em toda a sessão.
Na correria, não se livram de acidentes. À época em que Eros Grau era ministro, seu capinha puxou a cadeira para que ele saísse no momento em que o ministro voltava a se sentar. Eros foi ao chão. Mas se levantou sem repreender o capinha desesperado.
Grudados nos ministros, já se falam por sinais. Basta que Dias Toffoli erga o indicador e o polegar para receber café.
Mas nem todos os capinhas e ministros vivem em sintonia: após ser repreendido, um assistente entregou a capa, sinalizando que desistia da função, a Joaquim Barbosa.

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