Prefeitura da R$ 7 mi a hospital interditado


Jornal do Município de Sorocaba divulga prorrogação de acordo com o Hospital Psiquiátrico


Vera CruzADRIANE SOUZA
adriane.souza@bomdiasorocaba.com.br


O contrato firmado entre o Hospital Psiquiátrico Vera Cruz e a Prefeitura de Sorocaba foi prorrogado até 30 de junho de 2013. Com isso, a unidade de saúde receberá R$ 7,1 milhões para tratar de 512 pacientes que sofrem de transtornos psiquiátricos. Segundo a prefeitura, este é o número máximo de internações permitidas pelo acordo firmado. “O hospital psiquiátrico permanece funcionando e prestando toda assistência necessária aos pacientes. Portanto, de acordo com a Secretaria da Saúde, obrigatoriamente existe a necessidade da vigência contratual”, destaca a assessoria da prefeitura.

Distribuição/ A prefeitura disse  que paga por cada paciente R$ 35,58 diariamente. Com isso, o valor do contrato abrange R$ 480 mil do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) e R$ 6,6 milhões referentes às internações hospitalares. 

Situação/ O valor fixado em contrato pelo poder público é considerado insuficiente pela diretoria do Vera Cruz. “A equipe faz o melhor possível com os recursos repassados”, avalia a assessoria jurídica da unidade de saúde.

Porém, para o professor e pesquisador da área de psicologia Marcos Garcia, o problema da unidade de saúde não envolve apenas dinheiro. “O modelo de trabalho na área da saúde mental está errado.”
 

Ganhador do 4º Prêmio Carrano de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos, Marcos Garcia avalia que o trabalho apresentado atualmente apenas exclui o paciente do convício social. “O hospital se torna um depósito humano, mas não os cura de nenhuma enfermidade, acaba tornando-as mais graves”, afirma.

Visivelmente revoltado com todas as denúncias levantadas contra o Hospital Psiquiátrico Vera Cruz, o professor espera que todos os envolvidos sejam responsabilizados criminalmente. “O aumento da verba poderá até mudar a higiene do local, mas os pacientes continuarão sendo tratados de forma desumana, em situação de confinamento”, destaca.

Marcos conclui atestando que a única forma de mudar o  quadro é promover a desinstitucionalização da unidade de saúde mental. “O correto é investir para que gradativamente os internos retomem o convívio social e consigam se curar.”
Entenda o caso
21 de agosto

Denúncias de maus-tratos, desvio de medicamentos e mortes suspeitas levam policiais  do GAS (Grupo Antissequestro de Sorocaba), o setor de fiscalização da prefeitura, a equipe pericial do Instituto de Criminalística e psiquiatras do Ministério Público até o Hospital Psiquiátrico Vera Cruz, liderados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Prevenção e Repressão ao Crime Organizado).

23 de agosto 

Ministério da Saúde anuncia interdição cautelar do Hospital Psiquiátrico Vera Cruz. Medida proíbe internação de novos pacientes por 90 dias para que irregularidades apontadas pelo Ministério Público sejam corrigidas.

24 de agosto

Na madrugada, vai ao ar pelo SBT o programa Conexão Repórter, no qual um funcionário da emissora se infiltra no hospital psiquiátrico de Sorocaba por 30 dias e flagra uma série de irregularidades e atos que ferem os direitos humanos básicos – internos se alimentam de fezes, vômito e animais peçonhentos, além de passarem frio e fome.

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