Em liberdade, ex-prefeito nega ligação com fraudes

Ex-prefeito, Carlos Aymar (PSL) - Por: ALDO V. SILVA


Jornal Cruzeiro do Sul

Amilton Lourenço
amilton.lourenco@jcruzeiro.com.br

Pouco mais de 24 horas após ter sido libertado da prisão (permaneceu detido na cadeia de São Roque por quase uma semana) o ex-prefeito de Araçariguama, Carlos Aymar (PSL), esteve no jornal Cruzeiro do Sul para negar qualquer envolvimento no suposto esquema de fraudes contra a administração pública de Mairinque. Visivelmente alterado, o Aymar contou, por mais de 50 minutos, a sua versão sobre o caso. Afirmou que sua prisão foi motivada por um equivoco de interpretação de uma conversa telefônica que ele teve com um dos investigados. Por outro lado, a delegada Simona Ricci Scarpa Anzuíno, que conduz as investigações, afirmou que o ex-prefeito segue indiciado por formação de quadrilha e tráfico de influência.

"Fui incluído no processo de investigação pelo fato de ter tido uma ligação interceptada. Na oportunidade, eu explicava para um dos investigados (o Marquinho) para levar umas amostras de "bandeirinhas" (eleitorais) para o Dennys (Veneri) avaliar se compraria ou não. O problema é que a investigação entendeu que eu estava falando "branquelinhas", expressão que foi associada a drogas. Foi um tremendo engano. Tanto é, que estou em liberdade", disse Aymar.

O ex-prefeito admite que teve outras duas conversas telefônicas interceptadas e que as ligações foram feitas para tratar incentivos para empresas que poderiam se instalar no município. "Eu apresentei mais de trinta empresas para o município. E não vejo problema nenhum nesse tipo de ação. Não é razão suficiente para ser preso algemado em minha própria casa. Inclusive, quando os investigadores chegaram eu não impus qualquer resistência. Pelo contrário, abri minha residência para eles revistarem, já que perguntaram por armas e drogas", afirma Aymar.

No processo conduzido pela delegada Simona, Aymar foi um dos últimos a serem ouvidos. Mas segundo ele, assim que a autoridade policial obteve seu depoimento na última segunda-feira, ela anunciou sua liberação.

Durante a visita ao Cruzeiro do Sul, Aymar repetiu várias vezes que não condena a ação policial, mas que foi vítima de um "grande mal-entendido". "A delegada cumpriu sua missão, mas se equivocou ao interpretar as interceptações telefônicas", reafirmou.

O ex-prefeito disse ainda que está pagando o preço por falar o que pensa. "Não sou ladrão e nem corrupto. Mas incomodo muito quando falo o que penso".


Condições deploráveis


Além de negar envolvimento nas fraudes apontadas pela chamada Operação Valência, Aymar também relatou os dias de "cão" que passou na prisão. "Lá não existe a menor condição de se manter uma pessoa. Há lixo esparramado pelo chão, baratas, ratos, não entra luz do sol e as janelas estão todas quebradas. Nesses dias de frio, tivemos que permanecer a noite toda acordados, em pé, para não sermos molhados pela chuva. Não desejo aquilo nem para o meu pior inimigo", relatou.


Inquérito prossegue


Procurada pelo Cruzeiro do Sul, a delegada Simona Ricci revelou que Aymar colaborou em relação às investigações sobre corrupção. Ela disse que decidiu liberá-lo porque outros envolvidos haviam conseguido habeas corpus e tinham sido liberados. Porém, a delegada reafirma que o inquérito por formação de quadrilha e tráfico de influência foi instaurado e que as investigações prosseguem. "O ex-prefeito ajudou nas investigações. Mas as acusações por formação de quadrilha e tráfico de influência estão mantidas", afirmou a delegada.

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