Falta de espaço faz família cortar caixão em São Roque, SP

Família teve que serrar caixão para entrar no jazigo.

Administrador diz que vai chamar donos dos túmulos para negociar reforma.

Do G1 Sorocaba e Jundiaí
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Quem precisa enterrar um parente no Cemitério da Paz, em São Roque (SP) pode passar por apuros. Foi o que aconteceu com uma família da cidade há uma semana. Não havia espaço para a entrada do caixão no jazigo, que teve que ser serrado para caber na sepultura. Isso porque os túmulos foram construídos muito perto uns dos outros.
Quem percorre as sepulturas fala sobre a dificuldade de caminhar entre elas. O cemitério, constuído em 1890 tem hoje mais de 4 mil túmulos. Em muitas quadras, um túmulo foi construído muito próximo ao outro e quando precisa ser usado fica inacessível e as famílias podem ter que enfrentar uma situação constrangedora.
Foi o que aconteceu com a mãe da professora Abigail Maria dos Santos, que morreu na semana passada. A família tem um jazigo no cemitério há 34 anos, onde estão enterrados o pai, marido e o irmão dela. Na hora do sepultamento da mãe, os parentes tiveram que enfrentar outro problema, além da dor pela perda. O caixão não entrava na gaveta da sepultura porque o túmulo construído na frente impedia a passagem. Foram quatro tentativas e todas frustradas. "Tive que exumar o corpo do meu marido que está há dez anos desencarnado, pra ter espaço para colocar a minha mãe. Mesmo assim, tivemos que destruir o caixão praticamente pra poder entrar".
Depois disso, outro impedimento: a largura do caixão. Pedreiros tiveram que serrar parte do caixão na frente de quem acompanhava o sepultamento. "Nesse momento você quer dar o conforto aos que mais precisam, que se encontram chorando, estão entristecidos, e não foi possível porque praticamente foi perdido o dia todo aqui", lamenta Osvaldo Pereira Júnior, filho da professora.
O administrador do cemitério explica que desde que assumiu o cargo, no início do ano, não autoriza nenhum tipo de construção no local. Orlando Domingos diz que são mais de cem túmulos nessa situação e que agora vai precisar analisar caso a caso. " Você vê um caso onde não tem nenhuma porta nem por cima e nem pela lateral e você vê um túmulo atrapalhando, a família fica desesperada. E ela fala: 'Eu quero que meu ente querido seja enterrado aqui'. E a gente fica sem ter o que fazer", afirma.
Ainda segundo o administrador do cemitério, o espaço da entrada padrão para o caixão num jazigo tem que ser de 75 centímetros, mas alguns podem ter sido construídos com tamanhos menores. Além disso, hoje as urnas fúnebres são feitas com mais de 75 centímetros. Muitos túmulossão antigos e outros foram abandonados pelos parentes. Com a descoberta da irregularidade, muitos podem passar por problemas semelhantes.
A prefeitura informou que vai identificar os donos e notificá-los para fazer as alterações necessárias nos túmulos para evitar novos problemas.
Em alguns casos, a distância entre um túmulo e outro é de um palmo. (Foto: Reprodução/TV Tem)Em alguns casos, a distância entre um túmulo e outro é de um palmo. (Foto: Reprodução/TV Tem)

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