04/08/2013

Polícia suspeita que corpo removido da Rocinha seja de Amarildo

Segundo PM que trabalha em UPP na favela, cadáver foi transportado ilegalmente por motorista de caminhão da Companhia de Limpeza Urbana; soldado será intimado


Clarissa Thomé - O Estado de S. Paulo
RIO - O delegado Rivaldo Barbosa, titular da Divisão de Homicídios, vai intimar um policial militar que tem informações sobre a retirada da Rocinha de um corpo que poderia ser do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde 14 de julho. O soldado, lotado na Unidade de Polícia Pacificadora local, contou que o tio dele, motorista de caminhão da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb), empresa de limpeza urbana da prefeitura carioca, foi obrigado a transportar o cadáver de um homem.
Desaparecimento do pedreiro tem motivado diversas manifestações no Rio - Marcos de Paula/AE
Marcos de Paula/AE
Desaparecimento do pedreiro tem motivado diversas manifestações no Rio
Segundo o relato, homens armados saíram da mata, renderam o motorista e ordenaram que seguisse direto para o depósito final, no Caju, sem fazer outras paradas. O episódio ocorreu no dia 28 de julho, 14 dias depois da morte do pedreiro.
Neste sábado,3, o delegado Rivaldo Barbosa fez nova perícia complementar na UPP da Rocinha - a segunda, em dias consecutivos. Barbosa disse que a medida faz parte de uma estratégia de aproximação dos moradores da favela.
O ajudante de pedreiro desapareceu depois de supostamente confundido com um traficante e levado por policiais da UPP. Na delegacia, o engano foi desfeito, e Amarildo liberado. Ele não foi mais visto. O sumiço do ajudante de pedreiro motivou protestos. Inicialmente, apenas moradores da Rocinha fizeram uma passeata. Logo, cartazes com a pergunta "Cadê Amarildo?" começaram a surgir em manifestações contra o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB). Na semana passada, o desaparecimento de Amarildo foi tema de passeata em São Paulo.
A ministra Maria do Rosário, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, afirmou que a primeira suspeita que se deve ter é a de "responsabilidade pública" pelo desaparecimento de Amarildo. Os policiais militares que prenderam o ajudante de pedreiro foram afastados do serviço externo, mas continuam a trabalhar na corporação.

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