Entrevista Coronel Costa Ramos

Jornal da Estância

JE – O sr. que tem uma vasta experiência na vida pública, de que forma avalia sua participação no governo Daniel?
Coronel Costa Ramos – Minha participação no governo Daniel digamos terminou no dia 01/08. Havia começado basicamente no dia 08/01. Então foi um período muito curto em que só discutimos estratégia, planejamento e resíduo administrativo da gestão anterior.
JE – No período em que participou do governo, quais as ações o Sr. teve oportunidade de implantar?
Coronel Costa Ramos – Desenhamos um projeto para a criação de secretarias, e dentro dessa possível implantação, nós desenhamos a Secretaria de Participação Comunitária, então nós teríamos a área de Segurança no município, através da Guarda Municipal, Polícia Militar e Polícia Civil, que nós faríamos o entrosamento. A área de Trânsito e a área de Defesa Civil que não existia.  É um projeto meio utópico, mas eu aceitei o desafio, porque o governo hoje instalado tem oito votos da bancada de base e sete contrários, mas precisaria de dez votos de vereadores para implantação das secretarias, mas de imediato sabendo disso eu parti para instalar a Defesa Civil, que é a parte de governo que necessita de ações preventivas e planejamento estratégico diuturnamente durante os quatro anos de mandato.  Então eu parti para conversar com todos os vereadores indistintamente, e para minha alegria foi aprovada a Defesa Civil por unanimidade e criaram-se três cargos. E por deficiência orçamentária, já que estávamos desenhando como seriam as ações na prefeitura, eu ocupei o cargo de Coordenador Municipal de Defesa Civil abrindo mão de assessoria de gabinete, já que eu ocupava o cargo de assessor consultor no lugar do Julio Meneguesso, e este cargo para minha surpresa foi transferido para chefe de Departamento Jurídico e eu fiquei com essa incumbência e esse cargo na Defesa Civil. Então iniciamos a implantação dos projetos de risco com o desabamento da ponte que havia acontecido.
JE – Enquanto esteve no governo um dos grandes problemas foi o desabamento da ponte, de que forma o Sr. atuou nessa questão?
Coronel Costa Ramos – Eu fui até o local, era calamidade anunciada, estava visível a necessidade de um novo projeto de engenharia para implantar. Estivemos no local e trouxemos a equipe técnica da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil, após essa inspeção iniciou-se então, o projeto técnico para estudo e implantação da obra.  Foi apresentada esta obra que aí está com aduelas, o que não foi aceito pela Defesa Civil do Estado.  E aí começaram os projetos emergenciais, pois o tempo urgia, mas não tivemos êxito porque faltou o estudo hidrológico, faltou o projeto básico segundo as especificações técnicas da Coordenadoria Estadual, quando então a Prefeitura assumiu a obra sozinha, porque a administração acreditu que poderia tocar a obra, e em determinado momento assinar o convênio, mas eu alertei que primeiro deveria assinar o convênio, para depois elaborar a licitação, mas como a prefeitura tinha pressa apresentou o seu projeto doméstico e fez a obra com recursos próprios abrindo mão da verba estadual.
JE – Era uma verba de R$ 726.000,00?
Coronel Costa Ramos – Sim, mas dada a urgência, nós estivemos por volta de umas 20.00 horas no Palácio dos Bandeirantes, o Prefeito juntamente comigo, e lá nós discutimos trocar o objeto da ponte que era uma ponte de Defesa Civil numa área de risco e levamos esse recurso para uma área de risco de oito anos atrás, com histórico de mortes inclusive que são as encostas do bairro do Junqueira.  Nós temos ali imóveis que já estão interditados, então há necessidade de fazer recuperação daquela área para que possamos eliminar o risco naquela região, ali tem que se fazer talude, muro de arrimo, escada hidráulica para poder tocar.  Mas estamos aguardando o Departamento de Planejamento que é o setor competente da Prefeitura, para elaborar o projeto que elimine toda essa área de risco apontada pelo IPT e pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, então já está caracterizada.
JE – Se chamada o Sr. voltaria ao governo?
Coronel Costa Ramos – Olha a gente tem projeto na vida, eu sempre me bati que sem projeto nós não chegamos a lugar nenhum.  Então eu tracei um projeto de vida, dentro da administração do Estado e da União, para fazer um esforço em ajudar o meu estado, minha cidade e meu País. Só voltaria se houvesse um chamamento emergencial, pois como cidadão me veria na obrigação de estar presente.
JE – O Sr. se decepcionou com sua passagem no governo Daniel?
Coronel Costa Ramos – Eu me decepcionei, pois eu tinha um projeto em que eu sonhava com a implantação de Secretarias, não consegui, então a gente fica frustrado. 
JE – O Sr. pode me dizer porque não conseguiu tocar o projeto de Secretarias em frente?
Coronel Costa Ramos – Nós estamos aqui em São Roque infelizmente, com um organograma de administração arcaico-obsoleto, que é uma prefeitura departamentada.  Então cada departamento presta contas ao prefeito, e não há uma interligação entre dos departamentos.  Isso é um equivoco muito grande que a Câmara Municipal promove em não criar Secretarias.  Porque com a criação de Secretarias, cada secretário teria um orçamento próprio para ser administrado e cobrado pela opinião pública, pelo prefeito e efetivamente responsabilizado até nas contas pelo Tribunal de Contas.
JE – O Sr. acha que a Defesa Civil de nossa cidade está preparada para atuar em grandes desastres?
Coronel Costa Ramos – Ela está preparada porque ela tem a informação básica, que o levantamento de todas as áreas de risco e os níveis de risco, e se nós investirmos em projetos junto ao orçamento da Defesa Civil do Estado e da União, porque existem recursos federais para esse fim, mas infelizmente a Defesa Civil fica presa a uma pessoa que é o Coordenador Municipal, que fica dependente e subordinado as atitudes e providências dos outros departamentos, que nem sempre corresponde aos anseios e necessidades da Defesa Civil.  Porque cada real que a gente economiza na prevenção, nós vamos lucrar R$ 5,00 no desastre.
Então uma obra de R$ 100.000,00 que a gente executa como fase preventiva, eu vou economizar R$ 500.000,00, porque o orçamento da prefeitura é curto.
JE – Qual a experiência que fica de sua passagem pelo atual Governo?
Coronel Costa Ramos – Fica a experiência legislativa e executiva, de como fazer e porque fazer.  Nós não podemos ficar subordinados a sonhos, a projetos futurísticos, nós temos que verificar a realidade e cuidar dessa realidade, que é dramática a situação hoje.  Nós temos um quadro de funcionários grande, que precisa ser enxugado, o orçamento é curto, na política nacional em determinados momentos de crise simplesmente faz anistia, de multa, juros e execução fiscais, e sabemos que parte desse dinheiro vai para saúde, educação, segurança, então eu fico preocupado com essas ações.  E sua pergunta me habilita responder não só na área de Defesa Civil, mas também de seguridade social.  Nós temos uma Guarda Municipal que precisa ser reestruturada para trabalhar segundo sua vocação e normatização constitucional, a área de trânsito os senhores estão vendo que está precária e não se concebe fazer trânsito sem projeto, não adianta eu ampliar ou estreitar uma rua sem projeto.  Nós estamos verificando o caos.  Eu tentei no mês de abril instalar a Zona Azul, mas por gestões internas foi suspensa a instalação e nós estamos assistindo o caos no trânsito de nossa cidade.  A região de grande fluxo de veículos não está devidamente sinalizada, obras de circulação, de canteiros, como é o caso ali da nova ponte foi arrancada toda aquela orientação que foi ornamentada urbanisticamente com floreiras, com aquele retorno e hoje nós estamos simplesmente com cones e todos sem sinalização.  E precisamos é de técnico.  Eu trabalhei durante doze anos na área de trânsito na cidade de São Paulo, de Capitão até Tenente-Coronel, comandei aproximadamente 5000 homens, participei na construção de projetos na área de engenharia de trânsito, as pessoas não sabem, mas o rodízio começou como ação de Defesa Civil, quando eu estava lá no governo, então nós implantamos a lei do rodízio em cima disso.  Então é estudo e planejamento constante, nós não podemos improvisar e arriscar.  O Sr. quando vai fazer sua casa não fala vou fazer três quartos, sala, cozinha e banheiro e vou cobrir.  O Sr. precisa de um projeto, até a nível de lei. Na área do trânsito um local sinalizado inadequadamente, sem um projeto, a responsabilidade penal vai cair em cima do administrador, ou do próprio prefeito.  Há a necessidade de termos projeto, a Câmara Municipal tem que ser mais atuante e não trabalhar com essa visão míope que nós temos, nós somos oposição e o outro situação.  A Câmara esta aí porque ela tem orçamento do executivo para poder tocar suas atividades, mas ela tem que participar juntamente com o prefeito não só do lado crítico, mas também cooperativo para colocar uma situação efetiva de resultado para a população.   E não o que estamos vendo hoje, nós somos governo e eles oposição vamos fazer o máximo para atrapalhar a vida um do outro. Ou vamos fazer qualquer coisa para cooptar o voto de vereadores.  É difícil a gente vê uma administração nos moldes que nós temos no estado de São Paulo, hoje no Brasil em geral, nesse nível aí.  Cidades onde há a participação do executivo e legislativo é um sucesso total. Podemos citar Indaiatuba, que é sinônimo de excelência, Guarujá, Praia Grande...   Vereador na realidade é o porta voz da população e hoje eu vejo que a população não tem um canal para se manifestar.  O povo brasileiro é um dos últimos povos do mundo movido à política.  Veja bem, qualquer coisa que acontece para nascer, morrer, festejar ou comemorar disca-se 190, e PM toca tudo. E hoje nós não temos um telefone da cidadania, era meu projeto monta o telefone 199, eu consegui montar no estado de São Paulo, o decreto de criação do telefone da Defesa Civil foi dessa pessoa que está falando com os senhores ai.  Então eu tenho alguma experiência nessa questão, porque o decreto de montagem das comissões de coordenação municipais de Defesa Civil, eu que elaborei  para que o governador Covas tecnicamente encaminhasse é importante lembrar que ele era um engenheiro. Mas infelizmente eu não consegui montar aqui  199 que é telefone da Defesa Civil e funciona 24 horas.
JE – Sua mensagem final .

Coronel Costa Ramos – Eu gostaria de concitar todos os funcionários, administradores da prefeitura, e a população de uma maneira não crítica e sim participativa para orientar os seu olhos o seu trabalho para o bom êxito da atual administração, porque quem não participa perde até o direito de criticar, pois nós vivemos um momento difícil para economia mundial e o reflexo está aí nos municípios.  Cada redução de impostos que se dá para incentivar o consumo, pelo governo Federal ou Estadual, como redução de IPI e ICMS, reduz a arrecadação municipal.  Então quem paga a conta de todas essas benesses do poder Estadual e Federal é o município, daí aquela velha frase que eu costumo dizer; eu não amo o Brasil, eu não amo São Paulo, eu amo particularmente o meu município, porque é aqui que começa o exercício da minha cidadania.

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