Jornal da Estância
JE – O Sr. é vereador desde 1996, com exceção de 2008 quando não se reelegeu. Em 2009 assumiu a provedoria da Santa Casa e em 2010 com a morte do vereador Lilo assumiu novamente a vereança. Qual a experiência adquirida neste período?
Etelvino
Nogueira – A experiência que eu obtive desde 1996, para
mim é uma das melhores coisas da minha vida. Porque, eu represento a região do
bairro do Carmo, Caetê, Juca Rocha, Pilão D’água, Alto da Serra e também tenho
uma ligação muito grande com o Saboó, Mombaça, enfim eu acabei me transformando
em um vereador de todo o município. Então eu me sinto realizado. Você ser
reeleito desde 1996, eu já estou no meu 5º mandato, embora não tenha sido
reeleito em 2008, mas fui um dos vereadores mais votados. Eu tive mais de 1000 votos, na Câmara cinco
dos vereadores foram eleitos com menos votos do que eu, embora eu considere o
processo legitimo. Em todas as eleições
que eu participei minha votação sempre vem num crescendo. No período em que estive fora da Câmara, que
foi 2009 e parte de 2010, eu tive outra experiência na minha vida que foi ser
provedor da Santa Casa. Sou conselheiro
há muitos anos, e no momento mais difícil da entidade fui eleito pelos meus
companheiros provedor. É importante esclarecer ao contrário do que alguns
falam, eu não fui indicado para esse cargo, e sim eleito pelos conselheiros
para ocupar a provedoria. Um trabalho
voluntário, diferente do entendimento de algumas pessoas, repito não fui
indicado provedor e sim eleito pelo conselho para o cargo. E num momento difícil, quando a Santa Casa
estava sob intervenção, mais uma vez eu tive oportunidade de ajudar nossa
cidade e a saúde do nosso município. No período que lá estive contando com um
esforço coletivo conseguimos resgatar a credibilidade da Santa Casa. Lamentavelmente nesse período o inesquecível
Lilo veio a falecer e eu como primeiro suplente de nosso grupo voltei para a
Câmara. Espero ter contribuído e estar
contribuindo com a minha cidade, é isso que eu avalio da minha vida pública.
JE – Dentro
dessa sua experiência, qual a avaliação que você faz da atual administração e
da composição da Câmara Municipal?
Etelvino
Nogueira – A atual composição da Câmara Municipal, eu
sou muito humilde em dizer que é o que o povo escolheu. Eu não tenho dificuldade em estar
compartilhando com os vereadores, embora exista algumas divergências, isso é
normal, mas enfim, nós vereadores somos o espelho do povo. O que me entristece as vezes é a tentativa de
ingerência do executivo nos assuntos do legislativo, mas como isso faz parte do
processo democrático eu respeito, mas não concordo.
Quanto a administração eu penso da seguinte maneira:
claro que os apoiamos outro grupo político, faço parte desse outro grupo, a
partir do momento em que terminou as eleições em outubro passado e ficamos
sabendo do resultado, nosso grupo (legislativo independente) de vereadores teve
a humildade de procurar o Sr. prefeito, com objetivo de caminharmos juntos,
inclusive se você procurar aqui na Câmara terá a oportunidade de ver os ofícios
pedindo reunião e as fizemos com o prefeito. De dez coisas que a gente sugeriu
a ele, ele concordou com onze, só que depois não cumpriu nenhuma. O “legislativo independente” teve a humildade
de procurar o executivo e colocar para ele a questão do lixo, de uma licitação,
transporte público, segurança, manutenção do município, saúde, tudo isso nós
abordamos com ele, mas no decorrer do tempo ele não concordou com aquilo que
nós colocamos e achamos que seja o melhor para cidade e até para ele. Falta habilidade política, ele não está
conseguindo conduzir a cidade como deveria.
Eu vejo que esse governo está muito preocupado com a autopromoção.
JE –
Quais
os principais problemas de nossa cidade em sua opinião?
Etelvino
Nogueira - Nós
sempre tivemos problemas, não é correto responsabilizar a atual administração
por todas as mazelas. Sempre tivemos problemas de segurança, déficit de
habitação, saúde, educação, manutenção de estradas, já que nós temos muitas
estradas de terra e é muito difícil manter.
Mas sempre tivemos controle da situação.
Se nós voltarmos até 31/12/2012, a Santa Casa, por exemplo, tinha sua
situação financeira estável, funcionando bem, com as contas em dia,
equilibrada, basta olhar o caos em que se encontra a Santa Casa hoje. Isso é um ponto. A educação, até dezembro de 2012 estava
funcionado, mas a gente está ouvindo muita coisa, como falta de professores,
funcionários, a estrutura, manutenção, materiais...
Para você ter uma ideia estamos brigando para se colocar
uma tela na escola do Carmo, para minimizar a incidência de pombos, então
falam, falam e não acontece nada. Então imagina as questões maiores. Tudo bem, não tem um ano ainda de mandato,
mas mal estão conseguindo dar continuidade no que o prefeito anterior deixou. E
aí eu pergunto; vai ter condição de construir creches para suprir a demanda de
vagas, já que é um tal de não falar que não tem verba. Na segurança houve algumas mudanças com o
recolhimento das viaturas da Força Tática, e me parece que não há uma cobrança
por parte do executivo. Estamos
acompanhando também a invasão de transporte clandestino prejudicando o
transporte coletivo regular e os táxis e me parece que estão fazendo vista
grossa. Manutenção das estradas, após
muitas discussões, embora eu entenda que nós temos frota própria, como
máquinas, caminhões e carros para atender nossa demanda e isso resolvia nossos
problemas até o ano passado, quando se conseguia manter as estradas e ainda se
fazia alguns outros serviços de terraplenagem e isso também gerava uma economia
ao município, agora está se terceirizando alguns serviços, as tudo bem vamos
aguardar qual será o resultado.
JE – Qual a avaliação que o Sr.
faz da saúde em nosso município hoje, em especial a situação por que passa a
Santa Casa?
Etelvino
Nogueira – Eu não estou conseguindo entender, o que está acontecendo com a saúde?
Então como eu disse; até 31 de dezembro a Santa Casa vinha funcionando
normalmente, os postos com dificuldade, mas vinham funcionando. O que a gente houve de reclamações no dia a
dia é um absurdo, não se consegue contratar médicos, faltam remédios, é uma
complexidade que eu não consigo acreditar, como se piorou em tão curto
prazo. Inclusive nós estamos com uma Comissão
para tentar entender o que está acontecendo com a Santa Casa. Parece-me, que estão querendo novamente
arrebentar a Santa Casa, não dá para acreditar, o hospital já provou de todas
as maneiras que o déficit é pelo atendimento do SUS e não acreditam. Então me parece que esse pessoal vai ter que
passar um dia, por um processo de ter um hospital municipal para dar valor a
Santa Casa. O mesmo valor que se passava
para a Irmandade no ano passado é o mesmo valor que está se passando hoje. A Câmara precisou antecipar uma devolução de
dinheiro para repassar para Santa Casa, porque eles alegam que têm
dinheiro. E as informações que nós temos
é que orçamento previsto está acontecendo. Se o orçamento
está acontecendo, tudo indica que está se gastando em algo que não estava
planejado para esse ano. O que pode
estar acontecendo é que deve estar sendo inserido despesas que não estavam
planejadas e isso acabará vindo a tona no balanço de final de ano. Aí ficaremos sabendo se foram colocadas
despesas que não estavam planejadas para se autopromoverem, que é o que eles
mais fazem.
Para se ter uma ideia nós recebemos do Governo Federal
uma UPA, já está licitada, existe uma contrapartida, nem fizeram a UPA ainda e
estão alegando que não é possível manter a UPA e o Pronto Socorro da Santa
Casa. Espera um pouquinho, nosso
município está crescendo, será que em um futuro próximo, nós não teremos
necessidade das duas unidades. Olha a
visão pequena dessas pessoas, no primeiro obstáculo eles param. Então é um governo que em vez de andar para
frente está andando para trás.
JE –
O
Sr. e outros vereadores denunciaram a Promotoria de Justiça, o gasto com
promoção pessoal, através de anúncio por ocasião dos cem dias de governo. A Promotoria abriu um Inquérito Civil Público
que acabou penalizando o prefeito a devolver R$ 10.200,00 gastos nas
publicações, e a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) de que
não repetiria mais o fato. Como fica
para vocês esse desfecho?
Etelvino
Nogueira – Nós fizemos isso porque isso nos
assustou. Cem dias de governo apenas e
duas páginas em cada jornal, com coisas que não eram verdadeiras e
desnecessárias. Se nós não mostrarmos no
início que ele está errado, aonde ele vai parar. E ainda uma discrepância de custo já que pelo
mesmo espaço, um jornal cobrou R$ 3.000,00 e o outro R$ 7.200,00. Um gasto totalmente desnecessário. E a
atitude da promotoria nos ajudou muito senão não conseguiríamos frea-lo.
JE –
Outra
questão é com relação à empresa que está fazendo a coleta do lixo em nossa
cidade. A filial da empresa foi
constituída no dia 16/01/2013, em 05/02/2013, ela foi contemplada com uma
cessão de contrato no valor de R$ 3.850,00, aproximadamente, o que é no mínimo
estranho, e vocês representaram também contra a empresa e o prefeito. E a promotora acabou abrindo um Inquérito
Civil Público para apurar a denúncia. Eu queria que você falasse sobre isso?
Etelvino
Nogueira – Essa representação se deu por quê? Aquela
primeira reunião que eu comentei com o prefeito, nós levamos a situação do
lixo. Nos propusemos ao prefeito que ele
fizesse uma concorrência pública, para que uma nova empresa fosse habilitada,
sendo assim a empresa teria as obrigações de um novo contrato que seria
celebrado. Então ele concordou com a
proposta, mas depois não cumpriu. Ele poderia ter cobrado da empresa que
operava o lixo, um serviço de melhor qualidade, em vez de contratar uma empresa
que nem caminhão adequado para coleta tinha e que acabou causando todo o
transtorno que veio a público pela imprensa.
O correto seria ter mantido a empresa anterior e ter realizado uma nova
concorrência pública, aí se essa empresa que está operando a coleta ganhasse,
pelo menos teria participado de uma licitação.
Vendo as dificuldades que a empresa apresentava na sua operacionalidade
na coleta, não nos restou outra alternativa, senão procurar o Ministério
Púbico. A prefeitura foi notificada para
apresentar suas justificativas, só que pediu mais prazo para apresentar seus
motivos à promotoria. Com relação à
empresa estava havendo uma divergência de endereço o que causou dificuldades
para que ela fosse notificada. É o que
chegou ao nosso conhecimento, já que o Departamento Jurídico da Câmara faz esse
acompanhamento.
JE –
Etelvino,
como é feita a articulação política entre
governo e os vereadores?
Etelvino
Nogueira – Entre alguns departamentos da prefeitura eu
gostaria de destacar o Jurídico, na pessoa do Dr. Rodrigo. Sempre quando há um projeto mais polêmico ele
tem me chamado e a gente conversa, mas articulação sustentável não existe. O que existem são chamados individuais, e o
mais interessante é que quando algum vereador é convocado para uma conversa,
acaba criando certo ciúme na base de apoio.
Me parece que o prefeito está começando a entender que quem decide as
coisas é o legislativo. Então precisa de
um entendimento maior, porque se legislativo autorizar ele faz, senão ele não
pode fazer. A Articulação por enquanto
é bem precária.
JE –
Quais
as sugestões você daria para que a administração se aproximasse da comunidade?
Etelvino
Nogueira – Uma das sugestões é com relação à Santa
Casa. Gostaria que Prefeito, Diretor de
Saúde mudassem o entendimento que estão tendo hoje com o hospital. O município não tem condições de manter um
hospital municipal, então não envolve muita politicagem dentro da Santa Casa,
muda o conceito trata o hospital mais tecnicamente. Não use a Santa Casa para se autopromover, ou
promover alguém.
A educação é uma coisa grandiosa em nosso município,
então nós devemos se antecipar aos problemas. Se tiver alguém na direção que
não está conseguindo enxergar à frente tem que tomar providência. Não dá para esperar que o Estado vá resolver
o problema da segurança no município.
Melhorar a estrutura da Guarda Municipal é de fundamental importância
para conseguir resultados na criminalidade, já que somos uma estância
turística. O turismo está sendo consolidado em nossa cidade, então precisa se
tomar muito cuidado com quem está dirigindo esse departamento, porque se
colocar alguém politicamente, ou por favorzinho vai por tudo a perder. Se quer cumprir acordo político nomeie lá no
Gabinete, mas não em setores essenciais para o desenvolvimento de nossa
economia. Por exemplo, no
Desenvolvimento Econômico não podemos colocar
pessoas que não têm conhecimento, já que é um setor importante para a
consolidação de nosso crescimento. Na verdade parece que eles não desceram do
palanque, enfim essas são minhas sugestões.
E outra nós somos a bola da vez, portanto devemos criar uma estrutura
para encarar os desafios que estão por vir.
JE – Sua
mensagem final.
Etelvino
Nogueira – O atual prefeito e o legislativo deveriam
procurar um entendimento melhor, para que nós pudessemos encontrar soluções
sólidas para nossa cidade. Esse negócio
de mudar logo, cor dos prédios existem coisas mais importantes para mudar na
cidade. Outro alerta que gostaria de
fazer é com relação a alteração ao projeto de revitalização do centro, vocês
vão ver depois de pronto, aquela lombo faixa colocada na Pernambucanas, quando
chover vai fazer a água invadir a praça, então eu pergunto para que mudar por
mudar. Já falei para o prefeito que as
coisas não estão boas e ele diz que estou equivocado, mas na verdade eu acho
que ele está na cidade errada. As coisas
não estão boas, mas é possível o senhor reverter ainda, e eu lhe desejo boa
sorte.
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