PSDB vai olhar 'com lupa' processo do cartel, diz Aécio sobre o Cade

Presidente do PSDB criticou 'vazamentos seletivos' das investigações do órgão e afirmou que partido ainda vai dar chance para presidente se explicar


ANDREZA MATAIS E FÁBIO FABRINI - Agência Estado
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), considerou "extremamente grave" o fato de o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius Carvalho, ter omitido de currículos públicos a atuação como chefe de gabinete do deputado estadual Simão Pedro (PT-SP). Em entrevista ao Estado, Aécio afirmou que o partido passará a olhar "com lupa" o processo de investigação pelo Cade sobre denúncias de cartel em contratos do metrô de São Paulo. "É grave, sobretudo porque o ex-patrão tinha uma relação direta com as denúncias", afirmou.
É grave, sobretudo porque o ex-patrão tinha uma relação direta com as denúncias, disse o senador - Felipe Rau/Estadão
Felipe Rau/Estadão
É grave, sobretudo porque o ex-patrão tinha uma relação direta com as denúncias, disse o senador
Conforme o Estado revelou nesta quarta-feira, 25, Carvalho omitiu de quatro currículos o trabalho para o deputado na Assembleia Legislativa de São Paulo entre 2003 a 2004. O deputado é o principal denunciante do chamado "caso Siemens", multinacional que delatou o cartel e o envolvimento de políticos do PSDB no esquema.
"É algo extremamente grave e os vazamentos selecionados já chamavam a atenção [o partido acusou o Cade de vazar informações que atingiam dirigentes do PSDB]. Nós queremos dar a ele a oportunidade de se explicar e ai vamos examinar as providências", afirmou o senador, ao ser perguntado se caberia pedir a suspeição de Carvalho.
Para o PSDB a justificativa do presidente do Cade de que foi um "lapso" não ter incluído a informação no currículo não se sustenta. "Parece algo mais grave que um simples lapso. Continuamos querendo que essa questão [denúncia de cartel] seja investigada com profundidade, mas, de alguma forma, preocupa porque amanhã podemos achar que o Senado foi ludibriado porque não recebeu as informações suficientes para a sabatina."
Segundo o senador, se ficar comprovado o vínculo dele com um parlamentar do partido do governo "significará que um órgão de Estado estaria se colocando a serviço de um governo e isso é inaceitável."
Partido.Antes de trabalhar como chefe de gabinete do deputado Simão Pedro, atual secretário de Serviços do governo de Fernando Haddad (PT), Vinícius Carvalho foi assessor na secretaria de habitação do governo Marta Suplicy. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), candidato à presidência do PT,foi quem teria indicado Carvalho para o cargo no gabinete de Simão Pedro.
A informação sobre o trabalho na gestão Marta Suplicy também não consta dos currículos apresentados por ele em 2010 e 2012. Em 2008, Vinícius menciona o trabalho na secretaria.
Vinícius afirmou ao Estado que foi filiado ao PT por dois anos e meio, mas pediu a desfiliação porque não tinha tempo para fazer política partidária. Ele sustenta que omitiu a informação sem intenção.

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