Greve dos bancários leva clientes a pagar mais por empréstimo

Com os bancos fechados em setembro, número de operações consignadas recuou e cresceu o uso do cheque especial


Célia Froufe e Eduardo Cucolo - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Ao se depararem no mês passado com os bancos fechados por causa da greve, os correntistas dos bancos acabaram apelando para modalidades mais caras de crédito, indicam dados divulgados ontem pelo Banco Central.
O saldo de operações com cheque especial, por exemplo, cresceu 4,3%, maior expansão entre as modalidades disponíveis para os consumidores. O rotativo do cartão, no qual entram saques e faturas que não foram pagas na data, teve o segundo maior crescimento, de 2,8%. Nos meses anteriores, essas linhas vinham crescendo a uma taxa mensal de 1%.
Os números mostram também que, em setembro, a taxa de juros do crédito livre subiu pelo quarto mês seguido, para 37,2% ao ano, maior porcentual em 17 meses. Esse movimento reflete a elevação da taxa de juros básica da economia, a Selic, para 9,5% ao ano. As taxas podem ter sido influenciadas também pelo fato de os clientes haverem contratado empréstimos mais caros.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse que a greve reforçou uma tendência que já era observada, a do crescimento moderado do crédito. Em setembro, o saldo das operações de crédito aumentou 0,8%, o que é uma taxa menor do que a observada em meses anteriores.
"É uma expansão moderada, em ambiente de estabilidade de inadimplência e de elevação das taxas de juros, em linha com o ciclo de aperto monetário", disse. Ele reconheceu, também, que os clientes tiveram maior dificuldade de acessar as linhas de crédito com juros mais baixos, como o consignado e o imobiliário. A contratação desses empréstimos depende da ida das pessoas aos bancos. Essas duas linhas apresentaram um desempenho abaixo do padrão no mês de setembro.
Calote menor. A inadimplência voltou a subir, de 3,2% para 3,3%, depois de cair por três meses seguidos, mas ainda está nos menores patamares em três anos. "Essa melhora reflete o crescimento da renda, a consciência em termos financeiros. E, por parte dos bancos, houve um aprendizado, com maior seletividade na concessão e mais critérios em termos de garantia e seleção do cliente", disse Maciel.

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