DF vive onda de violência em janeiro com 63 assassinatos

MARIANA HAUBERT

Em meio a uma "operação tartaruga" executada há dois meses pela Polícia Militar, que reivindica melhores salários, o Distrito Federal vive uma onda de insegurança.
De 1º a 29 de janeiro, houve 63 assassinatos, aumento de 28% sobre o mesmo período do ano passado. E os casos de violência, tradicionalmente concentrados nas cidades-satélites mais carentes, se multiplicam nas áreas mais nobres de Brasília.
"A categoria tem todo o direito de reivindicar", disse o governador Agnelo Queiroz (PT), "mas Brasília não será refém do medo". Ele promete "medidas" contra a violência, mas não as detalhou.
Ontem, em duas horas, dois episódios de violência ocorreram à luz do dia na Asa Sul, bairro nobre e central da capital. Um homem foi baleado por um policial à paisana em frente a um supermercado e outro foi esfaqueado por um morador de rua. Ambos foram levados a hospitais.
Na noite de anteontem, um rapaz de 29 anos morreu quando chegava em casa em Águas Claras, cidade-satélite de classe média. Foi atingido por um tiro na nuca, após estacionar seu carro e ser abordado por dois homens.
Segundo o jornal "Correio Braziliense", uma rede de fast-food estuda cancelar o funcionamento noturno devido à sequência de roubos.
OUTDOORS
O comando da PM nega apoiar o movimento, que é liderado por entidades de praças como a Associação de Subtenentes e Sargentos.
No começo da semana, foram instalados pela cidade outdoors pedindo melhorias salariais e cravando o termo "operação tartaruga".
"Todas as reclamações da comunidade por atraso ou falta de atendimento a ocorrência serão apuradas", informou a assessoria de imprensa da polícia.
Os manifestantes querem reajuste de 66,8%, reestruturação de carreira e reposição de perdas. Os PMs do DF recebem o segundo maior salário para a categoria no país, atrás apenas do Paraná.
De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, enquanto no Rio Grande do Sul o salário bruto de um soldado é de R$ 1.375,71, no Distrito Federal o valor chega a R$ 4.122,05, uma diferença de 200%. No Paraná, o salário é de R$ 4.838,98.
A OAB-DF emitiu nota em que diz estudar medidas judiciais cabíveis, cíveis e criminais, a serem tomadas contra o governador e o Secretário de Segurança, Sandro Avelar.
A secretaria não se pronunciou sobre o assunto. No começo da semana, Avelar havia admitido a queda na produtividade da polícia por causa do movimento, se disse disposto a negociar, mas não considerava possível dar aumentos agora. 

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