Parlamento da Ucrânia revoga leis antiprotestos

Presidente ucraniano aceita a renúncia do primeiro-ministro para tentar conter crise no país


O Estado de S. Paulo
KIEV - O primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, renunciou nesta terça-feira, 28, e deputados leais ao presidente Viktor Yanukovich, tentando acalmar as violentas manifestações populares, derrubaram leis antiprotestos que haviam sido aprovadas há 12 dias.
Ucranianos protestam contra o governo em Kiev - Vasily Fedosenko/Reuters
Vasily Fedosenko/Reuters
Ucranianos protestam contra o governo em Kiev
As primeiras concessões reais de Yanukovich desde que a crise eclodiu há dois meses foi aplaudida por milhares de manifestantes na Praça da Independência, coração dos protestos em Kiev. Líderes da oposição disseram que vão continuar aproveitando a energia do povo nas ruas para obter mais conquistas. "Nós temos que mudar não só o governo, mas as regras do jogo também", declarou o ex-boxeador que virou político Vitaly Klitschko. "Temos certeza de que a luta vai continuar."
Azarov, de 66 anos, renunciou enquanto o Parlamento se reunia numa sessão de emergência para fechar um acordo que satisfizesse a oposição e encerrasse os protestos que já mataram seis pessoas.
Yanukovich aceitou rapidamente a renúncia do premiê e de seu gabinete. O primeiro vice-premiê Serhiy Arbuzov vai atuar como primeiro-ministro interino e outros ministros permanecerão em cargos provisórios até que um gabinete seja formado.
Azarov, um tenente leal a Yanukovich desde que o presidente foi eleito em fevereiro de 2010, disse que estava deixando o cargo para ajudar a encontrar um compromisso político "em prol de uma solução pacífica para o conflito". Político linha-dura de origem russa, que se referiu aos manifestantes como "terroristas", Azarov foi humilhado publicamente no fim de semana depois que Yanukovich ofereceu o cargo dele ao ex-ministro da Economia Arseny Yatsenyuk, outro líder da oposição, em um esforço para conter os protestos.
A oposição exigia a renúncia do governo de Azarov desde que a crise começou. Mas Yatsenyuk e outros líderes da oposição rejeitaram a oferta de Yanukovich, considerando uma armadilha destinada a comprometê-los na frente de seus partidários nas ruas.
Chefe do país fortemente endividado e em recessão, Azarov apoiou a decisão tomada em novembro de não assinar um pacto de livre comércio com a União Europeia, o que provocou grandes protestos em todo o país. Ele aumentou as tensões quando defendeu no Parlamento uma maior aproximação com a Rússia.
Leis. Em sessão de emergência no Parlamento, aliados de Yanukovich, claramente sob pressão do presidente e de seus assessores, votaram pela revogação da legislação antiprotesto que tinham aprovado em 16 de janeiro.
Foram essas leis, proibindo praticamente toda forma de protesto público, que provocaram confrontos violentos entre ativistas radicais e policiais e causaram a morte de seis pessoas. "Essas decisões que o Parlamento adotou são boas, mas são apenas um pequeno progresso. Nós não vamos sair daqui até que o sistema e a Constituição sejam alterados", disse Ivan, de 45 anos, um manifestante da região de Lviv, em uma barricada no caminho da Praça da Independência.
A crise revelou uma divisão nítida na Ucrânia entre aqueles do leste, que falam russo e são a favor de laços mais fortes com a ex-líder soviética Rússia, e a população do oeste, que defende um melhor relacionamento com a UE./ REUTERS
  

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