Multas de celular ao volante triplicam


Número de infrações que era de 5.589 em 2008, passou para 16.268 no ano passado


Carolina Santana
carolina.santana@jcruzeiro.com.br
O número de motoristas multados por falar ao celular no trânsito de Sorocaba aumentou quase três (2,91) vezes nos últimos seis anos, informa a Urbes - Trânsito e Transportes. Ocupando o terceiro lugar no ranking das infrações cometidas por motoristas na cidade, durante o ano passado a autarquia registrou 16.268 multas aplicadas por esse motivo, em 2008, foram 5.589 penalidades. Durante esse período, apenas no ano eleitoral de 2012 não houve aumento dessas multas e, de forma atípica, foram aplicadas 1.851 multas por falar ao celular ao volante.

Este ano a infração está no segundo lugar do ranking, com média de 51 multas por dia, o equivalente a duas por hora. Ao longo de todo o mês de janeiro foram aplicadas 1.580 penalidades a motoristas que falavam ao telefone enquanto dirigiam. Para se ter ideia, atualmente, esse tipo de infração só fica atrás de dirigir 20% acima da velocidade permitida - responsável por 5.586 das sanções aplicadas na cidade em janeiro-, e à frente de outras infrações como avançar o sinal vermelho e falta de cinto de segurança. Os dados de janeiro são os mais atuais da Urbes e mostram que essas multas correspondem a 11,7% do total de 13.428 penalidades aplicadas na cidade durante o período.

Prevista no artigo 252 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), dirigir falando ao telefone celular é uma infração classificada como média, com acréscimo de quatro pontos ao prontuário do condutor e multa pecuniária no valor de R$ 85,13. Diretor-presidente da Urbes, Renato Gianola, explica que o ato de falar ao celular é complexo do ponto de vista da segurança. Operar outras funções do telefone, porém, é um ato considerado ainda mais arriscado por desviar ainda mais a atenção do condutor.

"Com o celular no ouvido, o motorista dificilmente olha para o espelho retrovisor, reage de forma mais lenta, assume uma trajetória errática na via, reduz ou ultrapassa a velocidade compatível com o tráfego", pontua Gianola. Ele ainda cita a possibilidade dos condutores que estão usando o telefone avançarem sinais sem perceber, não lerem as placas de sinalização e até mesmo não perceber pessoas e veículos próximos. Além de tudo isso, continua, o motorista fica com as mãos ocupadas e tem dificuldade de trocar de marcha. Segundo destaca, todas essas situações podem desencadear um acidente.

O uso de fone de ouvido para atender o celular enquanto dirige também é proibido pelo CTB. Gianola afirma que à luz da legislação o ato de conduzir o veículo com fones nos ouvidos conectados à aparelhagem sonora ou de telefone celular constitui infração de trânsito.

As multas de trânsito são aplicadas por agentes da Urbes, considerados autoridades de trânsito. "Quando o agente lavra o auto de infração, o faz com certeza absoluta do cometimento, sendo que por vezes indica alguns aspectos da infração no campo observações do auto", informa o diretor-presidente da autarquia. Caso o cidadão deseje entrar com recurso contra a aplicação da penalidade, este deverá ser apreciado pela Junta Administrativa de Recursos de Infrações (Jari) e, na eventualidade de indeferimento, pode recorrer ao Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), segunda instância administrativa.

Bluetooth

Para o advogado Alexandre Ferreira de Barros, 32, a solução para atender celular no carro foi comprar um rádio com tecnologia bluetooth para o veículo. Por questões profissionais o advogado precisa fazer e atender ligações constantemente e chegou a ser multado três vezes por falar no celular enquanto dirigia. "Eu estava falando sim. Apenas uma vez que eu não estava, entrei com recurso e consegui quebrar a multa", recorda. Apesar de não ter obedecido à lei, Barros reconhece que a proibição de dirigir e falar ao celular é justa e necessária.

"Por questão de segurança, pensando na minha segurança e dos outros, é que resolvi comprar o rádio (com bluetooth)", argumenta. De acordo com a Urbes ainda não existe na legislação brasileira a previsão dos aparelhos de rádio com bluetooth no veículo para o uso de celular. "Embora estudos realizados na Europa indiquem que também essa ação apresenta riscos consideráveis, pois, a atenção do condutor está na conversa realizada", informa Gianola.

Viva-voz

Depois de ser multada em 2012 por falar no celular enquanto dirigia a assistente de negócios Andreza Hopper, 29, mudou de hábito. Para atender ligações enquanto dirige a jovem configura o aparelho para o viva-voz. "É mais seguro por deixar as mãos livres e eu não corro mais o perigo de levar multa", comenta a jovem.

O bancário Thadeu Oliveira, 45, nunca foi multado por falar ao celular enquanto dirigia. "Eu deixo para atender depois ou tento parar o carro", diz. A postura, revela, é adotada por questão de segurança. "É muito problemático, muito perigoso atender o celular dirigindo. A gente pode se distrair e causar um acidente", pondera.

A mesma avaliação com relação à segurança é feita pelo técnico de informática Wilson Cláudio Ribeiro, 48, que obedece a legislação e não atender o celular enquanto dirige. "Eu deixo a chamada sem atender. Ligo depois. É o mais racional a se fazer", argumenta. Para o filho mais velho que já dirige, Ribeiro dá o mesmo conselho. "Isso não é apenas pela multa, mas uma questão de segurança", finaliza.

A evolução das multas

De acordo com a Urbes - Trânsito e Transportes, o número de motoristas multados por dirigir veículo utilizando-se do celular aumentou em 2,9 vezes. A penalidade soma quatro pontos na carteira de habilitação do motorista infrator e o valor a ser pago é de R$ 85,13.

ANO
QUANTIDADE DE MULTAS
2008
5.589
2009
9.094
2010
10.567
2011
17.114
2012
1.851
2013
16.268
 Fonte: Urbes

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