Crime subiu em 91% dos DPs da capital

Em cinco regiões, o aumento no número de roubos foi maior do que 100%, entre elas, a do Jaguaré, na zona oeste, e a da Avenida Paulista


Daniel Trieli e Luciano Bottini Filho - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Dos 93 distritos policiais da cidade de São Paulo, 85 (91%) registraram aumento no número de roubos (exceto de veículos, carga e a bancos) no primeiro trimestre, ante o mesmo período de 2013, e 67 tiveram alta no total de roubos e furtos de veículos. Em cinco DPs (entre eles, o do Jaguaré, na zona oeste, e o que cobre a área da Avenida Paulista), o número de crimes mais do que dobrou.

A meta para todo o Estado era que esses crimes ficassem estáveis. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirma que não é possível aplicar o mesmo teto para todos os DPs, já que há variação entre a criminalidade de cada local. Áreas onde não há muitos crimes, por exemplo, podem apresentar um aumento desproporcional com poucas ocorrências. A pasta afirmou que divulgaria quais eram os limites previstos para cada distrito, mas disse que eles ainda não estão finalizados.
Estado já havia informado ontem que, só nos dois primeiros meses do ano, quase metade dos DPs paulistanos já havia estourado a meta trimestral de redução de criminalidade. O mais preocupante já era o 93.º DP (Jaguaré), que cobre a Cidade Universitária e parte do Butantã. Essa região teve um salto de 222 para 365 roubos entre o primeiro trimestre de 2013 e o de 2014, uma alta de 144,6%.
Os policiais da área afirmam que as favelas do bairro facilitam a fuga de criminosos. Além disso, o delegado titular do 93.º DP, Paulo Arbues Andrade, reclamou dos estudantes da Universidade de São Paulo (USP), "que não permitem a entrada da Polícia Militar no câmpus".
"Em parte, a criminalidade cresceu", admitiu ontem o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira. "Nós sabemos que há uma tendência de aumento de roubos. Em parte, houve o impacto da diminuição de subnotificação e, por isso, estamos trabalhando." Grella se referiu à ampliação da delegacia eletrônica para roubos, no fim do ano passado, que teria reduzido a chamada cifra negra das estatísticas - o número de vítimas que não relatam os crimes às autoridades.
O secretário, como em outros balanços mensais, voltou a criticar o sistema criminal brasileiro e a legislação como fatores responsáveis pelos crimes contra o patrimônio. "Nós estamos atuando na inteligência, na integração e na investigação, mas é preciso também que haja um esforço do País no que se refere à questão da impunidade."
Tendências. Se os roubos estão incomodando o governo, os homicídios são um problema menor, apesar de o Estado não ter cumprido a meta de redução. "Nós não precisamos ter uma queda de 10%, 20%. Basta que haja uma tendência", disse o secretário. "Essas mudanças de indicadores não acontecem em um curto espaço de tempo."
Segundo Grella, o governo está tomando medidas como a contratação de novos policiais e um sistema de detecção de suspeitos trazido da polícia de Nova York, que analisa imagens de câmeras de segurança automaticamente. A operação deve começar em quatro meses.
Para maio, o secretário promete que haverá uma divulgação mais específica de crimes, como modalidades de roubo e perfil de homicídios. "Não temos medo da transparência. A partir do mês que vem, vamos publicar dados mais detalhados."

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