Haddad recua e mantém PMs no combate aos camelôs

estadao.com

Ao contrário do que havia planejado no início de sua gestão, o prefeito Fernando Haddad (PT) recuou e vai manter o foco da Operação Delegada no combate aos camelôs. O convênio, com escopo no “Programa de Combate ao Comércio Irregular”, foi prorrogado por mais 2 anos (a partir do dia 29 de abril), pelo valor de R$ 148,9 milhões.

“Nada vai mudar. A Operação Delegada será mantida integralmente do jeito que era”, afirmou aoEstado Roberto Porto, secretário municipal de Segurança Urbana. Criado em setembro de 2009, o programa é uma das bandeiras eleitorais do ex-prefeito e pré-candidato ao governo estadual Gilberto Kassab (PSD). Bem aceito pela população paulista, o convênio também foi estendido pelo governo estadual de Geraldo Alckmin (PSDB) para cidades no interior com mais de 300 mil habitantes.
A mudança na gestão petista ocorre menos de 1 ano após o prefeito dizer que o foco do convênio mudaria. Haddad chegou a afirmar, em junho do ano passado, que não havia cabimento manter 3 mil PMs correndo atrás de camelôs no centro e chegou a tentar transferi-los para um programa de patrulha ostensiva em áreas violentas da periferia. Mas não houve interesse dos PMs em fazer o bico da Prefeitura nos bairros mais distantes.
Depois, no dia 23 de agosto, a gestão petista suspendeu a prorrogação do convênio com a Polícia Militar. O número de soldados na região central chegou a cair de 3.439 para 1.853. Com a implantação de um novo sistema de medição de trabalho dos policiais, o governo municipal também descobriu à época que apenas 1.417 PMs participavam da operação diurna e 92 da operação noturna, mas o pagamento era feito para 2.074 postos para o dia e 1.300 postos para a parte da noite.
Mas, a partir da redução do número de soldados no centro, entidades que representam comerciantes do Brás e da região da Rua 25 de Março passaram a criticar duramente a gestão de Haddad. Na semana passada, por exemplo, uma associação de lojistas do Brás divulgou manifesto afirmando que, após a redução de PMs na região, o comércio de pirataria voltou a se proliferar nas ruas, inclusive no Largo da Concórdia.
ELEIÇÕES 2014
Na avaliação de petistas do governo e do diretório estadual ouvidos pela reportagem, pesou também na decisão da Prefeitura o receio de que o candidato do partido ao governo do Estado, Alexandre Padilha, se tornasse alvo de ataques dos adversários, caso Haddad não tivesse mantido o convênio.
Isso porque Kassab e Alckmin, ambos candidatos, vão tentar emplacar o programa como vitrine em suas campanhas – no caso dos convênios nas cidades do interior, quem paga o adicional de até R$ 1.900 mensais aos PMs, pelo trabalho extra para a Prefeitura, é o próprio governo do Estado.
Outro receio da gestão do PT é de que o governo do Estado começasse, em ano eleitoral, a responsabilizar a Prefeitura e a redução da Operação Delegada pelo aumento no número de furtos e de assaltos que vem sendo registrado neste ano pela Secretaria de Estado da Segurança. No final do ano passado, o secretário da Segurança de Alckmin, Fernando Grella, pediu para Haddad manter o convênio e os PMs no centro, como forma de ajudar a evitar os assaltos e furtos.
MUDANÇA
O que muda agora é o gerenciamento da Operação Delegada: a gestão do programa sai da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, cujo titular é o ex-vereador petista Chico Macena, e passa para a pasta de Segurança, comandada pelo promotor Roberto Porto, especialista em combate ao crime organizado. Porto também coordena a ação da Prefeitura de combate ao tráfico na região da Cracolândia.

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