4 mil crianças e adolescentes fazem tratamento psicossocial

Caps IJ do Jardim Gonçalves para 500 jovens foi inaugurado ontem ¿


Míriam Bonora
miriam.bonora@jcruzeiro.com.br 


Cerca de 4 mil crianças e adolescentes fazem tratamento em unidades da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) de Sorocaba, segundo a Secretaria da Saúde. A maior parte delas é atendida em um dos três Centros de Atenção Psicossocial (Caps) Infantojuvenis existentes. O terceiro deles foi inaugurado oficialmente ontem, mas, mesmo com essa ampliação, os Caps IJ ainda atendem a um número de pacientes maior do que a capacidade ideal. A previsão é de que uma 4ª unidade seja implantada até o final deste ano e que as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) passem a atender todos os casos com menor gravidade, distribuindo melhor a demanda. 

O Caps IJ II Bem Querer, inaugurado ontem pela manhã no Jardim Gonçalves, agora é referência para tratamento de casos graves para pessoas entre 0 e 18 anos da regional Leste da cidade, atendendo os moradores das regiões das UBSs Escola, Haro, Hortência, Barcelona, Sabiá, Éden, Cajuru, Aparecidinha, Brigadeiro Tobias e Santana. A unidade foi implantada pela Prefeitura de Sorocaba e será gerida em parceria com a Associação Pró Reintegração Social da Criança. Além deste novo, há outros dois Caps na cidade, um para a regional Norte e outro para a Oeste. 

Participaram da cerimônia a vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Social, Edith Di Giorgi; o vereador Carlos Leite, representando a Câmara Municipal; Lúcio Costa, representando a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; Mirsa Delossi, da Coordenadoria das Regiões de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde; os secretários municipais de Governo e Segurança Comunitária, João Leandro Costa Filho; da Educação, José Simões de Almeida Júnior; de Esportes e Lazer, Francisco Moko Yabiku; e chefe do Gabinete do Poder Executivo, Rodrigo Maldonado; o corregedor-geral da Prefeitura de Sorocaba, Gustavo Barata, e o presidente da Associação Criança, Valdir Veríssimo dos Santos. 

Segundo a coordenadora de Saúde Mental da Secretaria da Saúde de Sorocaba (Ses), Luciana Togni Surjus, O Caps IJ Bem Querer tem capacidade para atender a cerca de 500 crianças e adolescentes, com funcionamento de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Parte desse público era atendido em outro Caps, que antes era referência para as regionais Oeste e Leste. Apesar de a inauguração ter sido feita ontem, as crianças e adolescentes já frequentam o novo espaço desde o início de junho, para que se adaptassem ao local. 

Sobre as 4 mil crianças e adolescentes atendidas na cidade, Luciana comenta que a maioria delas ainda é tratada em Caps, mas que há um processo em andamento para que as UBSs absorvam parte desses tratamentos, nos casos de transtornos mais leves. "Todos os Caps IJ já atendem um volume maior do que o esperado, é uma demanda muito grande. Temos a expectativa de que com o apoio matricial, das UBSs, seja ampliada a rede de circulação das crianças para que os Caps não sejam o único espaço de cuidado deles". 

Dentre os principais distúrbios diagnosticados nas crianças e adolescentes, Luciana cita as psicoses, autismo, depressões e transtornos de atenção graves. A coordenadora de Saúde Mental salienta, porém, que o critério de atendimento no Caps é a gravidade, não o tipo de transtorno. Ela cita o exemplo das psicoses, que muitas vezes aparecem já na infância e causam prejuízos cognitivos e dificuldades de relacionamento nos espaços sociais, como na escola. Luciana frisa a importância do trabalho dos Caps para auxiliar essas pessoas e suas famílias nesse processo de convivência social, rompendo a lógica da internação em hospitais psiquiátricos e abrigos, como praticado anteriormente. 

A coordenadora do Caps IJ Bem Querer, Roberta Barbero Gabriotti, comenta que o tratamento das crianças e adolescentes é feito por equipes multriprofissionais e com abordagens variadas, dependendo da necessidade. A maior parte dos atendimentos é em grupos, como por meio de oficinas, terapia ocupacional, psicologia, serviço social e fonoaudiologia. Ela conta que a faixa etária mais presente é a de 8 a 13 anos, mas a procura de adolescentes pelo serviço tem crescido. 

Há um acompanhamento com os pais ou responsáveis, em reuniões que eles participam com a equipe de profissionais e em assembleias semanais, quando são discutidos direitos e obrigações. O projeto terapêutico também é desenvolvido com a participação das escolas que as crianças e adolescentes frequentam. 

Assim como o Caps IJ que atende a regional Norte, o Caps Bem Querer também possui um polo de atendimento a vítimas de violência sexual. As crianças são encaminhadas pelas unidades de assistência social da Prefeitura e participam de atividades terapêuticas com uma psicóloga, uma terapeuta ocupacional e uma assistente social. De acordo com Luciana Surjus, esses pólos de violência sexual devem ser implantados em todos os Caps infantojuvenis, para que atendem a população de sua regional.

Postar um comentário

0 Comentários