Indústria de Sorocaba tem maior número de demissões no mês de maio desde 2009

Redução de vendas de veículos afetou fabricantes de autopeças e emprego no setor recuou 0,34%





Marcelo Roma
marcelo.roma@jcruzeiro.com.br

O emprego no setor industrial em Sorocaba registrou um saldo negativo de 238 vagas em maio. Houve 1.910 contratações e 2.148 demissões. O recuo de 0,34% é o maior para o mês de maio desde 2009, período da chamada crise mundial. Em maio de 2009 o recuo na geração de empregos nas indústrias do município havia sido de 0,67%, com menos 374 vagas. Foram dois resultados negativos da indústria em meses seguidos, abril e maio deste ano. Em abril, o recuo havia sido de 0,26%, com menos 183 vagas.

Os números de maio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram divulgados ontem. Considerando todos os setores da economia, o saldo negativo foi de 252 postos de trabalho em Sorocaba. A indústria, principalmente no segmento de autopeças, bastante forte no município, representou a maior parte das demissões.

A redução de vendas de veículos - carros, comerciais leves e caminhões - afetou as encomendas das indústrias para as montadoras. As vendas de veículos novos no Brasil somaram 293,4 mil unidades em maio, com redução de 7,2% em relação ao mesmo mês do ano passado, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No acumulado de janeiro a maio, foram 1,40 milhão de veículos negociados contra 1,48 milhão nos mesmos meses de 2013, com redução é de 5,5%, conforme a Anfavea.

No comércio, o Caged aponta uma quase estabilização em Sorocaba no mês de maio. Foram criadas 60 vagas (saldo de 2.345 contratações e 2.285 demissões). Em serviços, o saldo também foi positivo, de 42 (4.432 contratações e 4.390 demissões). Para construção civil, houve estabilização (825 contratações e 826 demissões). Em abril, o Caged mostrou evolução para serviços e construção civil, com saldo positivo de 748 e 269 vagas, respectivamente. A agropecuária teve mais demissões. Foram 170 dispensas e apenas 40 contratações em maio, que dá saldo negativo de 130. É a 8ª queda consecutiva mensal do saldo de mão de obra rural.

O economista e professor Marcos Antonio Canhada acredita na "falta de sinalização de um cenário estável" para a economia, que tem consequência na perda de confiança do consumidor para adquirir um bem de maior valor. Os juros maiores, para combater a inflação, desestimulam o crédito e acabam criando um contrassenso, observa Canhada. Com isso, a indústria sente mais a queda na demanda e tem que demitir para se adequar. Em Sorocaba, além de demissões, mais concentradas no segmento de autopeças, há empresas que deram folga coletiva aos funcionários para reduzir os estoques e aproveitando o período da Copa do Mundo.

De acordo com Canhada, as iniciativas do governo de incentivo à indústria, como a redução parcial do IPI de veículos, "são mecanismos paliativos em situações críticas". Ele considera que a política econômica deve ser melhor definida, com juros estabilizados. "É isso que todos esperam." Para o consumidor, por outro lado, uma boa negociação na hora de adquirir um veículo, por exemplo, se conseguir dar uma entrada razoável ou pagar à vista, pode ser uma oportunidade. Depende das condições e da percepção de cada um, pondera o economista. A maioria, sem uma certeza do que irá acontecer nos próximos meses, prefere esperar mais.

Canhada ressalta que outros setores, como o de serviços e o comércio, apresentam resultados satisfatórios no município e devem continuar em crescimento. Ele lembra que os novos shopping centers, inaugurados no ano passado, ainda estão em "fase de consolidação", portanto, sendo necessário ainda um período para "maturação para a empregabilidade". Na construção civil, o economista afirma que normalmente há grande rotatividade de trabalhadores, por causa do início e conclusão de obras, mas o setor mantém uma empregabilidade alta. A demanda por novos empreendimentos imobiliários prossegue e os guindastes usados por construtoras fazem parte da paisagem da cidade.

Para o economista, o saldo negativo de geração de emprego da indústria demonstra um ajuste das empresas face ao quadro atual da economia. A sinalização de uma "mudança de direção", que gere confiança ao consumidor pode render uma retomada. Segundo Canhada, no segundo semestre normalmente há aquecimento por causa da expectativa do final do ano e da entrada de recursos do 13º salário.


Os números de maio em Sorocaba
Setores
total admis.
total deslig.
saldo
variação
Extrativa mineral
1
0
1
0,94%
Indústria de transformação
1.910
2.148
-238
-0,34%
Serv. indust. de util. pública
15
11
4
1,66%
Construção civil
825
826
-1
-0,01%
Comércio
2.345
2.285
60
0,14%
Serviços
4.432
4.390
42
0,05%
Administração pública
39
29
10
0,99%
Agropecuária
40
170
-130
-17,52%
Total
9.607
9.859
-252
-0,12%
Fonte: MTE - Caged

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