Ator sofre agressão na zona sul do Rio; suspeita é de homofobia

Thiago Britto, de 25 anos, foi perseguido em rua no Catete; 'ele me chamou de veado, disse que ia me matar'



Atualizado às 22h.
RIO - O ator e fotógrafo Thiago Britto, de 25 anos, foi agredido na noite dessa quarta-feira, 24, no Catete, zona sul do Rio, por um homem identificado como Arlindo Ramos de Oliveira, de 40 anos. Ele acredita ter sido vítima de homofobia.
Thiago contou que saiu de uma aula na rua Corrêa Dutra por volta das 22h e parou para fotografar com o celular um muro grafitado. De longe, Arlindo teria começado a gritar para que ele não o fotografasse. Quando Thiago se aproximou do bar onde Arlindo estava, o agressor arremessou um copo de vidro em sua direção, mas ele conseguiu desviar do objeto.
O fotógrafo foi perseguido pelo agressor, que tentava acertá-lo com uma vassoura. "Ele me atingiu no braço esquerdo com tanta força que a vassoura quebrou. Eu caí no chão e ele tentou bater no meu rosto com o resto do cabo, mas eu me virei e ele acertou minha escápula (osso das costas)", descreveu.
Enquanto gritava por socorro, Thiago era xingado. "Ele me chamou de viado, disse que ia me matar. No bar, ninguém fez nada, só gritavam para eu bater nele porque estava bêbado, mas eu não conseguia nem levantar do chão".
O fotógrafo disse que recebeu ajuda de um homem que passava pelo local. O ajudante conseguiu levantá-lo do chão e levá-lo para o hall de um prédio em frente ao local da agressão. Os moradores chamaram a polícia e ajudaram Thiago com os ferimentos. Do lado de fora, Arlindo amassou o capô de um carro com um soco.
"Sou diabético e o nível da minha glicose subiu por causa do nervosismo". Quando os policiais chegaram, 20 minutos depois, segundo Thiago, Arlindo ainda segurava um pedaço da vassoura. Os dois foram levados para a 10ª Delagacia de Polícia (Botafogo) onde atualmente também funciona a 9ª DP (Catete), cujo prédio está em obras.
Thiago contou que Arlindo não se intimidou com a presença dos policiais e manteve os xingamentos e ameaças. "Ele dizia que (registrar a ocorrência) não daria em nada. Falava 'me prende logo que eu estou com sono' e 'essa bicha não vai dar em nada'". No registro de ocorrência, consta que Arlindo disse na frente dos policiais que "deveria enfiar o cabo da vassoura no meu ânus".
Depois de fazer o registro, que contou com o testemunho do homem que o salvou e a orientação de um advogado, Thiago seguiu para o Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto (IML), na Leopoldina, região central, para fazer o exame de corpo de delito. Ao chegar no local, foi informado que o sistema estava fora do ar e que não poderia fazer o exame. Foi orientado pelos funcionários a procurar um hospital onde recebeu calmantes, remédio para a dor e insulina.
"Voltei ao IML hoje para fazer os exames, mas ontem eu estava cheio de marcas, com pontos roxos, cortes, que eu tratei e já melhoraram, então muita coisa não vai aparecer no exame".
Nascido em Recife, Thiago mora há seis anos no Rio e disse que nunca sofreu nenhum tipo de violência na cidade. "Nunca passei por nada e, de repente, fui agredido desse jeito", disse. "Também nunca o vi antes e não sou 'pintoso'. Esse mostro me espancou sem motivo nenhum. Como pode um ser humano ter tanta raiva, tanto ódio de outra pessoa?", questionou.
Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado como injúria e lesão corporal. "O autor e a vítima foram ouvidos e o caso encaminhado ao Juizado Especial Criminal", informou a instituição.
Sobre o problema no IML, a Polícia Civil afirmou que "houve uma queda no sistema, que já foi restabelecido. As pessoas que chegavam para fazer exame de corpo de delito eram orientadas e voltar em outro horário ou, se quisessem, podiam esperar para fazer o exame quando o sistema estivesse restabelecido".

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