Alckmin diz que 'não há problema' em abertura de CPI da merenda

24/02/2016 14h22 - Atualizado em 24/02/2016 20h15

G1

Grupo quer investigação na Assembleia sobre desvio de verba da merenda.
Governador esteve em Jundiaí na manhã desta quarta-feira (24).

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou nesta quarta-feira (24) que não há "nenhum problema" na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para investigar as denúncias de desvio de verba na merenda no Estado.

"A Assembleia é um orgão independente. Pode e deve fazê-lo [abrir a CPI], não tem nenhum problema", afirmou durante visita a Jundiaí (SP) para inaugurar a reforma e ampliação da delegacia seccional da cidade.
A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual deSão Paulo investigam um esquema de fraude na compra de alimentos para merenda de prefeituras e do governo de Alckmin.
"Essa questão da merenda foi uma descoberta do Estado. Foi a Polícia Civil que fez a investigação. A Corregedoria [do Estado] está verificando. Uma lei federal me obriga a comprar 30% da receita da merenda da agricultura familiar. Fizemos três chamadas e não houve problema na licitação. A denúncia é que a cooperativa [que venceu a licitação] é fraudada. Então vamos investigar e [aplicar a] punição exemplar com quem tiver qualquer envolvimento", afirmou Alckmin.
Investigações
O tamanho do desvio ainda não foi identificado, mas as suspeitas recaem sobre contratos feitos com creches e escolas públicas de ao menos 19 cidades nos últimos dois anos.
O nome do presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB), está entre os nomes citados pelos suspeitos de envolvimento no esquema.

Capez assinou a favor da comissão, mas os deputados governistas não estão aderindo. Capez, que evitou ir ao plenário, diz que é o maior interessado na investigação.  "Eu assinei, já disse que vou pautar a CPI mesmo fora de ordem e todos os deputados que vêm me perguntar, eu recomendo a CPI, mais do que isso, eu não posso fazer", disse Capez. 

"Ele está fazendo jogo de cena porque, regimentalmente,  a assinatura dele não vale neste momento para a abertura da CPI", disse Douglas Izzo, coordenador da Frente Brasil Popular.
Até terça-feira (23), 22 deputados estaduais haviam assinado a favor da comissão, três deles, da base governista.  Para abertura, são necessárias mais dez assinaturas.
Na terça-feira (23), cerca de 250 pessoas conseguiram entraram na Alesp para protestar e exigir a abertura da CPI. Um grupo de estudantes ficou do lado de fora e tentou forçar a entrada, mas foi impedido por policiais militares que faziam a segurança do prédio no momento do protesto.
 Esquema
Segundo o promotor de Justiça Leonardo Romanelli, no centro do esquema está a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), que está baseada em Bebedouro. Contratos entre a cooperativa e órgãos públicos eram forjados e os preços dos alimentos, adulterados.
A estratégia veio à tona durante a “Operação Alba Branca” dia 19 de janeiro, quando seis pessoas, funcionários e dirigentes da Coaf, foram presas em Bebedouro investigadas por envolvimento na fraude.
O dinheiro da propina - que variava entre 5% e 25% do total do valor dos contratos - vinha do superfaturamento dos produtos. Os valores eram, boa parte das vezes, pagos em dinheiro. Uma das suspeitas do MP é que o dinheiro tenha sido usado para dívidas de campanha eleitoral.
Jundiaí
O governador esteve em Jundiaí acompanhado do secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes para inaugurar a reforma e ampliação da delegacia seccional da cidade. Cerca de R$ 2,2 milhões foram investidos na obra. Alckmin e Moraes também entregaram novas viaturas para as policias Militar e Civil, além de divulgar dados estatísticos de criminalidade na região.
Polícia Militar obstruí a entrada de estudantes durante mobilização, na Assembleia Legislativa Paulista, em São Paulo (SP), nesta terça-feira (23) (Foto: André Lucas Almeida/Futura Press/Estadão Conteúdo)Polícia Militar obstruí a entrada de estudantes durante mobilização, na Assembleia Legislativa Paulista, em São Paulo (SP), nesta terça-feira (23) (Foto: André Lucas Almeida/Futura Press/Estadão Conteúdo)

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