FIESP, em 64 e agora: O que é o plágio de um pato para quem padronizou a repressão com o DOPS durante a ditadura militar?


publicado em 31 de março de 2016 às 00:39
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O Brasil não é mais uma nação de escravos. Contra a desordem, contra a mazorca, contra a perspectiva de ditadura, criada pelo próprio Governo atual, opomos a bandeira da legalidade. Carlos Heitor Cony, 1964, no editorial Chega!, do Correio da Manhã, que ajudou a mergulhar o Brasil em 20 anos de ditadura.
Agnóstico por convicção, gosto de comemorar as duas páscoas. Evito o terrível cativeiro de me tornar refém de Dilma e Lula. Desejo que ambos se fodam. Carlos Heitor Cony, 2016, na Folha
Da Redação- viomundo
Do golpe, pelo golpe e para o golpe.
Este poderia ser o motto da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp, em relação ao golpe de 1964.
Infelizmente, o Brasil fez uma investigação muito superficial e incompleta sobre os crimes cometidos sob a égide da Fiesp e dos empresários durante a ditadura militar.
Sabe-se, por exemplo, que eles foram os grandes financiadores da Operação Bandeirante, que bancou a introdução no Brasil de técnicas “científicas” de tortura importadas dos Estados Unidos.
Soube-se apenas recentemente da acusação de que a Fiesp teria pago com malas de dólares a adesão do general Amaury Kruel à quartelada, o que desmontou o esquema militar que poderia defender Jango.
Passado meio século do golpe, os arquivos ainda guardam muitas novidades para o grande público, como o registro no livro do Departamento de Ordem Política e Social, o DOPS, de um encontro realizado dentro do auditório da Fiesp.
Era um tentativa de “padronizar” a repressão a movimentos sociais. Além do delegado Manoel Nunes, estiveram presentes, no dia 12 de maio de 1972, no auge da repressão do ditador Médici, os representantres da Ultrafértil, Shell, Petrobras, do Grupo Ermírio de Moraes e da Porcelana Real. Entre outras coisas, as empresas pediam maior rapidez na triagem de candidatos a emprego e de universitários que buscavam estágio.
Se hoje os leitores de jornal ficam surpresos com a sofisticação da propaganda da Fiesp, que publicou recentemente volumosos anúncios pró-impeachment nos mais importantes jornais brasileiros, calma!
Em 1964, aconteceu a mesma coisa. No dia 31 de março, a Folha de S. Paulo publicou um caderno especial de nome O Brasil continua, como se tivesse tido a premonição de que o golpe seria deflagrado naquela noite. O caderno estava recheado de anúncios das grandes empresas… ligadas à Fiesp.
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Então, como agora, a mídia esgrimia argumentos falsos para violar a Constituição.
O presidente João Goulart, por conta das pretendidas reformas de base, era descrito como demagogo, fraco e sujeito a liderar ou ser derrubado por uma revolução comunista.
Uma pesquisa feita pela Federação do Comércio na semana do golpe, no entanto, demonstrou que a população discordava disso, que apoiava as reformas de base e Goulart. A Fecomercio, por motivos óbvios, nunca publicou a pesquisa.
Há outros paralelos.
Temos ainda hoje o Carlos Heitor Cony, colunista da Folha que escreveu famosos editoriais pregando o golpe de 64. Repetiu em 2016, no mode baixo calão.
Não podemos nos esquecer do impagável Carlos Alberto Sardenberg que, ao “entrevistar” a ministra Kátia Abreu recentemente, ao invés de fazer perguntas tentou convencê-la da base sólida para o afastamento da presidente eleita com 54 milhões de votos. Ele, argumentando que “pedalada ocasional” pode, tudo bem, mas a pedalada da Dilma merece impeachment.
Como em 64, é o golpe pregado em uma concessão pública!
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Olhaí quais eram as grandes empresas brasileiras em 1973. Mais de 40 anos se passaram e continuamos fornecedores de matéria prima e importadores de itens “sofisticados”, como trilhos para ferrovias.
E a Ponte para o Futuro, de Michel Temer, pretende nos afundar ainda mais nesta dependência.
Divirtam-se com a entrevista do pesquisador Luiz Antonio Dias à TV Câmara. Ele estudou especificamente o papel da Folha e do Estadão no golpe e teve acesso às pesquisas de opinião que foram engavetadas.
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