Custo de emendas e concessões a parlamentares
para barrar denúncias contra Temer gira em torno de R$ 32,1 bilhões
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Outubro 2017 | 17h55
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma
nota nesta quinta-feira, 26, dois dias depois da sessão da Câmara que impediu a
investigação do presidente Michel Temer por obstrução à Justiça, na qual
condena a “barganha na liberação de emendas parlamentares pelo governo” e faz um
alerta sobre a situação social e política do país. Segundo a CNBB, existe um
divórcio entre a classe política e a sociedade brasileira.
“A barganha na liberação de emendas parlamentares pelo Governo é
uma afronta aos brasileiros (…). O divórcio entre o mundo político e a
sociedade brasileira é grave”, adverte a CNBB.
O Estado revelou na
quarta-feira que o custo das medidas e concessões feitas a parlamentares para
barrar as duas denúncias contra Temer pode chegar a R$ 32 bilhões.
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Segundo a CNBB, as práticas políticas causam apatia e descaso pela
democracia na população em geral e até nos movimentos sociais, tradicionalmente
mais engajados. O cenário, segundo os bispos, propicia o surgimento de
salvadores da pátria, “radicalismoe e fundamentalismos” e coloca em risco a
democracia.
“Tais práticas ferem a política e a esperança dos cidadãos que
parecem não mais acreditar na força transformadora e renovadora do voto. É
grave tirar a esperança de um povo. Urge ficar atentos, pois, situações como
esta abrem espaço para salvadores da pátria, radicalismos e fundamentalismos
que aumentam a crise e o sofrimento, especialmente dos mais pobres, além de
ameaçar a democracia no País”, diz a nota.
Segundo a CNBB, as saídas são o voto popular e manifestações
pacíficas contra a retirada de direitos.
Leia a íntegra
do documento:
Nota da CNBB
sobre o atual momento político
“Aprendei a fazer o bem, buscai o
que é correto, defendei o direito do oprimido” (Is 1,17)
A Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil-CNBB, através de seu Conselho Permanente, reunido em Brasília de 24 a 26
de outubro de 2017, manifesta, mais uma vez, sua apreensão e indignação com a
grave realidade político-social vivida pelo País, afetando tanto a população
quanto as instituições brasileiras.
Repudiamos a falta de ética, que há
décadas, se instalou e continua instalada em instituições públicas, empresas,
grupos sociais e na atuação de inúmeros políticos que, traindo a missão para a
qual foram eleitos, jogam a atividade política no descrédito. A barganha na
liberação de emendas parlamentares pelo Governo é uma afronta aos brasileiros.
A retirada de indispensáveis recursos da saúde, da educação, dos programas
sociais consolidados, do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), do Programa
de Cisternas no Nordeste, aprofunda o drama da pobreza de milhões de pessoas. O
divórcio entre o mundo político e a sociedade brasileira é grave.
A apatia, o desencanto e o
desinteresse pela política, que vemos crescer dia a dia no meio da população
brasileira, inclusive nos movimentos sociais, têm sua raiz mais profunda em
práticas políticas que comprometem a busca do bem comum, privilegiando
interesses particulares. Tais práticas ferem a política e a esperança dos
cidadãos que parecem não mais acreditar na força transformadora e renovadora do
voto. É grave tirar a esperança de um povo. Urge ficar atentos, pois, situações
como esta abrem espaço para salvadores da pátria, radicalismos e
fundamentalismos que aumentam a crise e o sofrimento, especialmente dos mais
pobres, além de ameaçar a democracia no País.
Apesar de tudo, é preciso vencer a
tentação do desânimo. Só uma reação do povo, consciente e organizado, no
exercício de sua cidadania, é capaz de purificar a política, banindo de seu
meio aqueles que seguem o caminho da corrupção e do desprezo pelo bem comum.
Incentivamos a população a ser protagonista das mudanças de que o Brasil
precisa, manifestando-se, de forma pacífica, sempre que seus direitos e
conquistas forem ameaçados.
Chamados a “esperar contra toda
esperança” (Rm 4,18) e certos de que Deus não nos abandona, contamos com a
atuação dos políticos que honram seu mandato, buscando o bem comum.
Nossa Senhora Aparecida, Padroeira
do Brasil, anime e encoraje seus filhos e filhas no compromisso de construir um
País justo, solidário e fraterno.
Brasília, 26 de outubro de 2017
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