Índice que mede os preços de matérias-primas
registra alta de 0,74% em dezembro; defensivos agrícolas e fertilizantes devem
pressionar custos da agricultura
Vinicius Neder, O Estado de S.Paulo
09
Janeiro 2018 | 17h24
RIO - Os preços dos
alimentos foram o "grande assunto" de 2017 nos indicadores de
inflação, e 2018 "começa do zero" nesse item, segundo André Braz,
pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas
(Ibre/FGV).
Mais cedo, a FGV
revelou que o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI)
registrou alta de 0,74% em dezembro, ante aumento de 0,80% em novembro,
fechando o ano com deflação de 0,42%. Foi a menor variação anual do índice
desde 2009, quando o IGP-DI registrou queda de 1,43% no ano fechado.
O IGP-DI é uma das
versões dos índices da FGV que medem o aumento de preços, nesse caso, ele
registra a inflação de preços desde matéria-primas e industriais até bens e
serviços finais.
Em dezembro, o IGP-DI
apontou aceleração nos preços dos alimentos. No atacado, o grupo
"alimentos in natura" saiu de uma deflação de 4,24% em novembro para
um recuo de 1,87% em dezembro. Já os "alimentos processados" passaram
de uma alta de 0,39% em novembro para um avanço de 1,01% em dezembro.
Segundo Braz, o
movimento se deve a fatores sazonais e deverá chegar aos consumidores deste mês
em diante. Um exemplo é o preço de bovinos no atacado, que saíram de recuo de
1,33% em novembro para alta de 2,92% em dezembro.
A elevação contaminou
o preço da carne bovina, também no atacado, que passou de queda de 0,44% para
alta de 2,04%.
Para o pesquisador, o
comportamento dos preços de alimentos ano passado deve ser analisado de forma
associada com o que ocorreu em 2016. A queda de 2017 "queimou a
gordura" criada com a alta de 2016.
"Agora, 2018
começa do zero", afirmou Braz, destacando algumas pressões inflacionárias,
como reajustes nos preços de defensivos agrícolas, fertilizantes e óleo diesel,
que marcarão a elevação dos custos na agricultura neste ano.
Braz destacou ainda que o grupo Alimentação do
IPC-DI, que mede os preços ao consumidor, registrou deflação de 0,48% em 2017.
Isso reforça a expectativa de deflação nos preços dos alimentos também no IPCA,
índice oficial, que será informado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
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