Expurgo geral na Polícia? Isso acabaria com a intervenção.

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Poder360 anuncia que o plano do general Braga Netto, interventor federal na Segurança Pública do Rio de janeiro, seria o de expurgar “todos aqueles com alguma ligação com o tráfico, as milícias e a corrupção em geral. Desde o alto comando das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros até os soldados rasos”.
É óbvio que algo se fará – e a indicação de que “muitos comandantes dos batalhões da PM são sócios do crime” feita pelo Ministro Torquato Jardim é a prova de que o comando militar já tem informações importantes.
Mas duvido que um comandante experiente vá ter a pretensão de fazer uma limpeza completa, ampla e irrestrita em corporações onde a corrupção está espalhada muito além de qualquer imaginação. Para isso, seria preciso afastar e expulsar, sem qualquer exagero, milhares de homens.
Além da óbvia dificuldade em fazer isso por processos legais – administrativos ou judiciais – e regulares, para onde iriam estes milhares?  Vender Herbalife? Virar camelôs?  É evidente que isso seria um reforço imediato nas fileiras do crime, e reforço treinado e armado, porque não têm só as armas das corporações. Ou as milícias não estão lotadas de ex-policiais, bombeiros e agentes penitenciários?
Os cariocas mais antigos certamente se recordam das cerimônias humilhantes que o coronel Nílton Cerqueira, no governo (corruptíssimo, aliás)  Chagas Freitas fazia, arrancando as divisas, diante da tropa formada, dos soldados “indignos”, que saíam dali direto para os grupos de extermínio.
Mais recentemente, é bom não esquecer, houve a vingança policial da chacina de Vigário Geral e  a reação monstruosa  a um comandante de batalhão que desagradou grupos de policiais que, como represália,  jogaram uma cabeça humana dentro de um batalhão.
Na PM, especialmente, por se tratar de uma corporação, o general sabe dos elos de fidelidade e de cumplicidade que se estabelecem entre alta e baixa oficialidades e a soldadesca.  Muitos se acoelharão, é certo, mas outros farão uma peneira do sigilo das operações, com graves prejuízos para seus resultados.
Combate à corrupção feito de forma espalhafatosa e com objetivos de “marketing moralista” leva à paralisia da máquina, à imobilidade amedrontada e à inadmissível sabotagem interna, ainda mais quando se lida com homens armados.  Além, claro, da contradição de que isso se faria às ordens de um Governo infestado de suspeitos e processados pela mesma corrupção.
O general Braga Netto, claro, cortará algumas cabeças, a começar por aquelas que não se recolham diante da nova situação.  Mas não creio que vá fazer um “Estado Islâmico”, não só pelas dificuldades objetivas de fazê-lo dentro da legalidade administrativa quanto pelo resultado político, que abalaria sua operação.
E por aquilo que nós, no Governo Brizola, sofremos quando começamos a combater a “banda podre” das instituições policiais, o discurso de que “não deixa a polícia trabalhar”.

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