Força eleitoral da intervenção é uma aposta, não um fato

galtemer
Não há dúvidas de que decretar a intervenção militar na Segurança pública do Rio de Janeiro no Rio de Janeiro levou alguns filetes d’água ao moinho ressequido de Temer.
(Abro, antes de seguir, um parêntesis: o Exército está fazendo publicações para dizer que não é “militar” a intervenção, mas apenas um militar o interventor. O Exército pode até não entender assim, mas a nomeação do Comandante Militar de todas as tropas do Exército  no Rio – e MG e ES – para chefiá-la, sendo mantido também como  chefe do Comando regular desautoriza qualquer separação: outro interventor teria de ter acordo com o Exército para pô-lo a atuar, Braga Netto, não, pois manda em tudo)
Essa irrigação, porém, não é um rio, nem mesmo um riacho, até agora.
Há um longo caminho a percorrer e é um roteiro que já seria difícil se houvesse um plano traçado e recursos disponíveis.Ou perspectiva de um engajamento maciço de todo o efetivo militar, o que parece não apenas de acontecer, mas antes disso, de ser o desejo das Forças Armadas.
O noticiário de incidentes criminosos tende a ficar mais forte e sua repetição tende a marcar como inócua a intervenção, que a percepção pública não alcança que esteja em fase de “planejamento” depois de ter sido decretada.
O general Braga Netto não tem como esperar sequer uma semana para criar “fatos” que mostrem que a intervenção começou, por mais que não deseje espalhafato.
E fatos de grande repercussão, nesta área, têm perigos tão grandes quanto os seus barulhos. Barreiras policial-militares nas vias de acesso ao Estado podem até ter alguma (reduzida) eficiência, mas não têm o “glamour” que os objetivos político-midáticos pedem da operação.
Aí está a grande “casca de banana” diante dos militares. Ontem, o porta-voz do Comando Militar do Leste, coronel Roberto Itamar, disse que “intervenção não é o Exército na rua” e que “não vamos ter dez meses de tanque e militares na rua”.
Só que é esse tipo de intervenção que foi insinuada, despertou instintos guerreiros e é ansiada pelos que querem o Exército como “força de ocupação” da cidade.
E que o “general Temer” espera para dar-lhe munição eleitoral, como revelou hoje Bernardo de Mello Franco, em O Globo.

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