Presidente avalia que quadro político mudou com
candidaturas de PSDB e DEM e aposta na recuperação da economia e na intervenção
no Rio para se cacifar, conforme antecipou o 'BR18'
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Marcelo de Moraes, O Estado de
S.Paulo
17
Março 2018 | 16h50
O presidente Michel Temer já começou a avisar seus
principais interlocutores que está disposto a disputar a reeleição
presidencial, conforme antecipou o BR18.
Apesar dos baixos índices de aprovação do seu governo - 6% segundo o último
levantamento do Instituto Ibope -, o presidente acha que ninguém melhor do que
ele será capaz de defender seu legado e sua própria honra. Mesmo sabendo que
esse patamar de popularidade é um obstáculo pesado para sua candidatura, Temer
acha que poderá melhorar de situação com a confirmação da recuperação da
economia e com outras medidas que pretende adotar até o final de seu mandato.
Temer não tem a
pressão do calendário eleitoral, já que pela legislação ele não precisa deixar
o cargo até abril para concorrer - como acontece, por exemplo, com o ministro
da Fazenda, Henrique Meirelles. Este precisa, obrigatoriamente, deixar a pasta
nos próximos dias se quiser concorrer ao Planalto. Por isso, Temer não tem
pressa - pode decidir até julho - e vai esticar ao máximo o anúncio oficial de
sua candidatura. Com isso, evita também a politização de todas as futuras ações
de seu governo.
Quando assumiu o
governo, Temer se comprometeu com os partidos aliados a não tentar uma eventual
reeleição em troca da sustentação política. O problema é que o quadro que havia
em 2016 mudou radicalmente, na sua avaliação. O senador tucano Aécio Neves
(MG), que poderia ser um candidato em potencial em 2018, saiu do páreo depois
das investigações abertas a partir do escândalo da J&F. Além disso, depois
de ser central na formação do primeiro escalão de Temer, o PSDB passou a adotar
tom crítico e se afastou do governo federal.
Alckmin. Temer também se considerou liberado de qualquer
compromissos formal com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, depois de
avaliar que o pré-candidato tucano não fez força para impedir que a bancada
paulista do PSDB votasse a favor dos pedidos de seu afastamento.
A relação também
mudou com o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, que também já
se lançou pré-candidato ao Planalto, com o discurso de afastamento do governo e
afirmando que não defenderia o legado de Temer. É esta a mensagem que Maia tem
apresentado na maratona de viagens pelo País iniciada na sexta-feira passada.
Com a relação mudada, Temer se sente liberado para não manter a promessa e
tentar se viabilizar para buscar um novo mandato.
O grande desafio,
porém, é que Temer sabe que sua baixa popularidade faz com que vários de seus
aliados, dentro do MDB, preferissem que ele cumprisse apenas seu mandato até o
fim e liberasse o partido para tomar outros rumos.
Em vários Estados,
como Ceará, Alagoas e Goiás, inclusive, o MDB deve fechar alianças regionais
com o PT, que hoje representa o principal opositor ao Planalto. Além disso, uma
recuperação da economia mais lenta do que o esperado pode frustrar de vez os
planos do presidente e convencê-lo a desistir da empreitada.
Alternativa. Se ficar convencido de sua inviabilidade, Temer
fará o movimento na direção de outro nome, como o do ministro Henrique
Meirelles. Mesmo que não se filie ao MDB, mas sim a outra legenda, Meirelles
seria uma boa alternativa na visão do presidente.
Alguns fatores
fizeram com que o presidente se motivasse a tentar um novo mandato. Quer
defender sua biografia pessoal e profissional. Acha que na campanha poderá
mostrar que conduziu o País para a recuperação econômica num dos momentos mais
graves de nossa história.
Também quer rebater
os ataques pessoais que vêm sofrendo - e que considera injustos. Fora da
corrida pelo Planalto, Temer sabe que perderá protagonismo político, já que não
representará mais perspectiva de poder. Como candidato, esse prazo de validade
se amplia.
Segurança. Para se fortalecer, Temer já tem tomado medidas de
apelo popular. Assumiu o discurso da segurança pública, com a decisão de
autorizar a intervenção nessa área no Rio, anunciada em fevereiro. Sem
conseguir apoio no Congresso, também deixou de lado a desgastante proposta de
reforma previdenciária. E, agora, já sinaliza com a possibilidade de aumentar o
valor do Bolsa Família, mirando diretamente na camada mais pobre da população.
Durante seu mandato, ele foi denunciado duas vezes
pela Procuradoria Geral da República, com base nas delações de executivos da
JBS, mas as denúncias foram derrubadas em votação no plenário da Câmara.
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