Ciro, que pena, não soube entender JK

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Não se crucifique Ciro Gomes por ter, com grave ingenuidade, procurado apoio na direita órfã de candidatos viáveis.
Se refletirmos honestamente, veremos que, numa eleição não violentada pela exclusão judicial de Lula, é provável que, agora, houvesse uma legião de Marias Madalena do golpismo batendo às portas de uma aliança com Lula.
E em nada isso o comprometeria, como não compromete o santo quem o carrega no andor.
Era previsível, desde o início, que daria com os burros n’água esta suposta aliança de Ciro com a camada mais entreguista e reacionária do parlamento.
Esta gente, como as rêmoras, só adere aos tubarões quando estes são grandes e podem oferecer migalhas.
Com um possível – e jamais confirmado – crescimento nas pesquisas ele seria doce para as moscas.
Não foi.
O grave, no comportamento de Ciro, foi ter fugido da realidade.
Ele só “ameaçou” existir como candidato pela provável exclusão de Lula da disputa.
E não reconheceu isso.
Ele, o cara sem papas na língua, deixou de reconhecer uma verdade: a de que Lula não foi condenado em um processo penal, mas num processo eleitoral.
É capaz de chamar de “filho da puta” um MP que o quer envolver com racismo por ter dito – aliás, numa atitude infantil, dado o tamanho da pulga – que um vereador do MBL agia como “capitãozinho do mato”.
Mas não foi capaz de usar a mesma energia quando se tratou de defender a honra de seu companheiro Lula, acusado de corrupto, o que ele sabe que não é verdade.
Como se disse aqui, dias atrás, Ciro inviabilizou-se como alternativa possível a Lula, mesmo que não necessariamente sua continuidade.
Não soube encarnar JK, que se elegeu com Getúlio, sem sê-lo.
Sem nunca renegá-lo, entretanto.
Ciro, entretanto, preferiu ser Collor, mesmo não o sendo.
E por não sê-lo, ficou sem o fisiologismo.

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