Publicado em 12 outubro, 2018 8:31 am
Quando seu telefone tocou às 20h do
dia 6 de setembro, uma sexta-feira, o médico cirurgião Antonio Luiz de
Vasconcellos Macedo, de 67 anos, especializado em aparelho digestivo e atuando
há quatro décadas no Hospital Israelita Albert Einstein, no Morumbi, não
imaginava que teria, a partir dali, a função de tratar da saúde de um dos
homens mais polêmicos do Brasil. O deputado federal Jair Messias Bolsonaro,
candidato à presidência pelo PSL, tinha acabado de levar uma facada na região
do abdome, na cidade de Juiz de Fora (MG).
Entre o telefonema e o embarque em um
helicóptero particular, passaram-se apenas noventa minutos. De São Paulo a
Jundiaí, onde subiu em um avião monomotor, e depois ao município mineiro, mais
duas horas e meia. “Cheguei e fui logo ver o ‘presidente’. Cuidamos dele a
noite toda e o trouxemos para São Paulo no dia seguinte”, recorda-se. A segunda
cirurgia de Bolsonaro (a primeira ocorreu no dia da facada) se deu na semana
posterior e até a alta passaram-se mais catorze dias. Ele voltou para casa, no
Rio de Janeiro, no dia 29 de setembro.
Na última quarta (10), em visita ao
paciente na capital fluminense, Luiz Macedo atestou que o político ainda
precisa de cuidados e não pode voltar a trabalhar (campanha nas ruas e debates
políticos estão vetados), o que gerou uma onda de comentários e memes na
internet, inclusive alguns que colocaram em xeque a lisura da declaração do
profissional. “Não tenho nada a ver com debate. Meu problema é o doente. Não
vou colocar o ‘presidente’, recém-operado, em uma situação na qual ele pode
desmaiar, bater a cabeça. Ele está quase bom e poderá ter alta na quinta-feira
(18)”, afirma. Nesse dia, o líder das pesquisas virá a São Paulo para realizar
novos exames no Hospital Albert Einstein.
Na semana anterior, o profissional já
havia vetado a participação do capitão reformado no debate da Globo. A negativa
gerou a desconfiança do então candidato Ciro Gomes (PDT), que duvidou da
condição do colega. “Isso aqui é uma democracia que vai sobreviver a você
[Bolsonaro] e eu vou tirar sua máscara, você não pode deixar de ir ao debate,
você está mentindo, e atestado médico falso é crime. Vá ao debate da Globo que
eu vou mostrar que você é uma cédula de ‘3 real’”, disse à época. “O Ciro Gomes
deveria falar pessoalmente, se for homem. Se ele acha que forneci atestado
falso para o ‘presidente’, precisa provar. Se não, toma processo. Não tenho
medo”, ameaça Luiz Macedo.
(…)
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