Antes de juiz suspender entrega da Embraer à Boeing, empresa brasileira se disse à beira da falência

Antes de juiz suspender entrega da Embraer à Boeing, empresa brasileira se disse à beira da falência
O B-52 da Boeing; foto Divulgação
POLÍTICA

viomundo


07/12/2018 - 10h37
Em ação judicial, Embraer afirma estar à beira da falência
Declaração consta em processo judicial e causou “perplexidade” em juiz federal que decide sobre liberação da venda da companhia para a Boeing
A Embraer S.A., empresa fabricante de aeronaves e terceira maior exportadora do Brasil, estaria à beira da falência, tendo como única possibilidade de salvação de seus negócios a fusão com a Boeing, transnacional norte-americana concorrente da companhia brasileira.
A informação sobre a situação pré-falimentar da Embraer — da qual o governo brasileiro é acionista minoritário mas detentor de direito a veto em negociações que resultem em mudança do quadro societário — foi dada pelos próprios advogados da empresa brasileira, em um processo judicial (Ação Popular número 5017611-59.2018.4.03.6100) que corre na 24ª Vara Cível Federal de São Paulo.
Na última quarta-feira 5, o juiz responsável pelo processo, Victorio Giuzio Neto, decidiu liminarmente (em caráter provisório) por suspender o processo de fusão das duas companhias, até que sejam esclarecidos pontos considerados por ele cruciais a respeito do poder decisório e divisão acionária na companhia que seria criada após a fusão.
Em sua decisão, publicada na última quinta-feira 6, o magistrado revelou que os advogados da empresa, em documento anexado ao processo, afirmaram que “a verdadeira tábua de salvação” da Embraer seria a sua fusão com a empresa norte-americana. O juiz se diz perplexo com a revelação:
“Confessa o Juízo perplexidade diante da afirmação da EMBRAER, através de sua qualificadíssima banca de advogados (Barbosa Müssinic Aragão) de que, mesmo ocupando a posição de terceira maior empresa exportadora do país, se encontra a caminho da falência”.
Mais adiante chegam a afirmar de maneira peremptória: “O único perigo de dano existente in casu é o periculum in mora inverso decorrente da pretensão liminar dos autores. A potencial operação com a BOEING representa uma verdadeira tábua de salvação para a EMBRAER”.
Veja, abaixo e em destaque, o trecho referido da decisão judicial.
Em julho deste ano, Boeing e Embraer anunciaram a assinatura de um acordo de intenções para uma fusão das duas companhias, de maneira tal que a companhia norte-americana assumisse o controle sobre 80% de uma joint venture a ser criada entre a Boeing e a linha de jatos comerciais da Embraer.
É em virtude dos questionamentos sobre os detalhes deste acordo, apresentados na ação judicial, que a Justiça Federal decidiu por suspender liminarmente as negociações.
Até a publicação desta reportagem, a Embraer não se pronunciou sobre o assunto.

Postar um comentário

0 Comentários