"Todos têm o dever de participar da resistência", diz Arnaldo Antunes


“Existe um estado de estupefação e as pessoas têm que vencer isso, dialogar e formar uma resistência mais sólida. Todos têm o dever de participar da resistência, de se posicionar”, enfatizou o cantor e compositor Arnaldo Antunes, que lança novo álbum O Real Resiste
Arnaldo Antunes
Arnaldo Antunes (Foto: MARCIA XAVIER/DIVULGAÇÃO)
 
247 - Lançando um novo álbum, o cantor e compositor Arnaldo Antunes falou sobre o momento político do país em entrevista à revista Carta Capital.
“A gente está vendo a todo tempo os nossos governantes invertendo a verdade. Dizem que nazismo é de esquerda, que a terra é plana, que não existe aquecimento global, quem pôs fogo na Amazônia foram as ONGs, quem jogou óleo no mar foi o Greenpeace”, analisa.
Para Arnaldo, as pessoas não reagem à barbárie pela velocidade com que o cerceamento dos direitos e da liberdade estão ocorrendo. “Existe um estado de estupefação e as pessoas têm que vencer isso, dialogar e formar uma resistência mais sólida. Todos têm o dever de participar da resistência, de se posicionar”.
A reportagem de Augusto Diniz destaca que com 10 faixas, o álbum O Real Resiste mostra um Arnaldo Antunes mais intimista, com acompanhamento sereno e evidenciando canções. 
“Eu estava me desejando voltar mais para canção, mais próximo de como as canções foram compostas no violão”, diz.
A faixa-título do novo álbum foi escrita logo depois da eleição, em 2018. “A composição expressa a perplexidade com o que estava acontecendo. Espanto de terem pessoas defendendo a ditadura, tortura, censura, negando o aquecimento global, ameaçando as comunidades indígenas. Ou seja, tudo que a gente preza e as pessoas afirmando isso com a maior naturalidade. É uma música que diz: não é possível que isso esteja acontecendo”, contou.
E acrescenta: “A grande questão é a união das forças que querem defender a democracia, que não quer deixar normalizar a barbárie, a violência, o racismo, o preconceito. A mídia fala que o País está polarizado como se tivesse uma esquerda e uma direita. Mas a ideia de polarização é outra: é de quem está ameaçando a democracia e de quem está defendendo os valores democráticos. As forças, da esquerda à direita, com espírito civilizatório de não ceder ao fascismo, têm o dever de se juntar para defender o que nos resta de democracia.”

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