Mulher acusada de simular câncer na filha é presa



Nos telefonemas de ontem, casal exigiria dinheiro prometendo matar testemunha ou alguém da família se não fizesse o que mandassem

Marcelo Roma
      marcelo.roma@jcruzeiro.com.br

A mulher que simulou câncer na própria filha de 4 anos para conseguir dinheiro e donativos está presa desde ontem à tarde. Edilaine Vieira, 20 anos, foi levada à noite da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sorocaba para a Cadeia Feminina de Votorantim. Chegou às 21h e ficaria no "seguro", uma cela separada das demais presas. Edilaine e o companheiro Jeremias Drides, 38 anos, teriam coagido uma testemunha: Cláudia dos Santos, que acreditou na doença da menina, promoveu campanha na igreja Assembleia de Deus, mas na sexta-feira descobriu a farsa e a denunciou à polícia.

Segundo a delegada Jaqueline Barcelos Coutinho, da DDM, o casal queria dinheiro para fugir para o Paraná. Ela pediu a prisão dos dois à Justiça. O juiz Jaime Walmer de Freitas, da 1ª Vara Criminal, decretou a prisão preventiva de Edilaine, que é acusada de tortura e de expor a filha a vexame público. Jeremias foi indiciado por coação de testemunha e não ficou preso. Saiu da DDM no início da noite, depois de ser interrogado. Disse mais uma vez que não sabia que a mulher simulava a doença na filha.

Na terça-feira, Edilaine passou mal na delegacia e teve que ser levada por equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Regional. Não ficou claro se ela realmente passou mal ou também simulou tal situação. Edilaine está grávida e depois foi encaminhada para o Hospital Psiquiátrico Teixeira Lima. Ontem de manhã, Jeremias a retirou do hospital.  As ameaças a Cláudia continuaram. No sábado ela havia sido ameaçada pelo telefone logo depois que a reportagem do jornal Cruzeiro do Sul conversou com Edilaine sobre as acusações na frente da sua casa, na Vila Barão. Nos telefonemas de ontem à Cláudia, o casal exigiria dinheiro prometendo matá-la ou alguém da família se não fizesse o que mandassem. Bastante nervosa, Cláudia avisou policiais da DDM.

Edilaine e Jeremias marcaram encontro com Cláudia no Terminal São Paulo, segundo Jaqueline. Eles queriam R$ 4.700,00. Cláudia foi com seu carro e um investigador e uma investigadora a acompanharam em outro carro, por volta das 15h30. Na rua Leopoldo Machado, Cláudia desceu do carro e conversou com o casal, através da grade. Enquanto isso, os investigadores deram a volta e entraram no terminal. Edilaine e Jeremias pareciam que esperavam uma terceira pessoa. Ele tentou correr ao perceber que seria preso, mas os dois foram detidos e levados para a DDM.

Ainda abalada, Cláudia passou mal quando dirigia o carro na avenida Dom Aguirre e precisou ser medicada. Ela foi quem mais se envolveu com a falsa doença. Pensando que a menina realmente tinha câncer, visitava Edilaine e com outras pessoas da igreja promovia campanha para o tratamento. A delegada da DDM foi então ao Fórum para pedir a prisão dela e do companheiro. De acordo com a delegada, a menina sofreu cortes na barriga, em forma de cruz. Foi a maneira encontrada por Edilaine para simular que a filha tinha feito cirurgia. O laudo do IML comprova as lesões, afirma Jaqueline. Com a prisão preventiva, ela pode permanecer presa até o julgamento. Jeremias é padrasto da menina de 4 anos e pai da filha mais nova de Edilaine, de 2. As duas estão num abrigo para crianças.

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1 Comentários

  1. Eu não sei até aonde nos seres humanos de coração e alma poderemos aguentar tais pessoas desumanas ao nosso ciclo de vida, eu já estou chegando em meu limite de paciência e julgamento. Aqui se faz aqui se paga, minha lei... Sofra do mesmo mal e grau de crueldade a quem se faz!

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