Plantões fantasmas: Investigação completa 1 mês e ainda elabora denúncia



Promotores do Gaeco analisam documentos e perícias em computadores

Leandro Nogueira
      leandro.nogueira@jcruzeiro.com.br

A Operação Hipócrates completa um mês hoje e prossegue na fase da elaboração da denúncia a ser apresentada à Justiça pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A operação foi deflagrada no dia 16 de junho, data em que possíveis provas de corrupção foram recolhidas e a polícia deteve 12 profissionais da saúde, entre eles o até então diretor do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), Heitor Consani. Ontem um dos promotores de justiça que integra o Gaeco em Sorocaba, Wellington Veloso, informou que a equipe prossegue analisando os documentos enquanto aguarda os resultados da perícia nos computadores apreendidos, parte deles no Hospital Regional de Sorocaba. De acordo com o promotor, por enquanto não é possível prever quanto mais tempo será preciso para que a denúncia esteja pronta. O promotor Wellington Veloso disse que devido à complexidade do caso foram apreendidos muitos documentos na Operação Hipócrates e que a equipe trabalha para concluir o quanto antes. Ressaltou a importância das prisões para o sucesso das informações e documentos coletados.

O diretor do Núcleo de Perícias do Instituto de Criminalística (IC) em Sorocaba, José Augusto Marinho Mauad, disse ontem que na quinta-feira desta semana houve uma reunião entre o IC e o Gaeco para que os promotores fizessem a primeira análise do conteúdo apurado até o momento nos computadores apreendidos. Segundo ele, essa apresentação foi informal, já que o Gaeco solicitou a busca de provas para muitas denúncias que receberam. José Augusto Mauad também declarou não haver possibilidade de apontar um prazo, já que essas provas tanto poderão surgir nos primeiros arquivos como exigirão uma análise mais apurada. Enfatizou ainda que, de acordo com o teor das análises, os promotores poderão pedir mais documentos que obrigarão novas varreduras nos conteúdos do computador. Citou o caso da Operação Pandora, em que o encontro de provas exigiam novas perícias. A operação que investigou suposta corrupção envolvendo a Prefeitura e o Sindicato dos Revendedores de Combustíveis em Sorocaba para instalar postos de combustíveis levou sete meses para que a denúncia ficasse pronta e fosse entregue à Justiça.

Na fracassada tentativa por uma entrevista com outra promotora de Justiça que está no caso, Maria Aparecida Mendes Castanho, a reportagem do Cruzeiro do Sul encontrou o médico geriatra Vicente Spinola Dias Neto chegando à sede do Gaeco, na tarde de ontem. Afirmou que após ter sido intimado, levava documentos a respeito da suspeita que apontou na contratação da farmácia do Hospital. O médico disse estar confiante que os acusados na Operação Hipócrates não acabarão impune porque os promotores de Justiça estão muito empenhados. Mas lamentou que são poucos para a quantidade de irregularidades existentes.
 
Entenda o caso 
Há um mês o Gaeco e o Grupo Antissequestro (GAS) prenderam 12 pessoas por participação em supostas ações fraudulentas no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) para a contratação de empresas e pagamento a médicos que recebiam por plantões sem que comparecessem para atender os pacientes. Alguns foram soltos nos dias seguintes porque colaboraram com a investigação. Já o ex-diretor Heitor Consani ganhou liberdade no dia 18 por força de um alvará de soltura e oito permaneceram detidos durante seis dias, até 22 de junho, quando foram liberados porque os promotores entenderam que todos já haviam sido inquiridos, documentos que interessam à investigação foram apreendidos e mais de cinquenta testemunhas ouvidas nesse período, resguardando o resultado prático da operação. Como a prisão temporária é válida por cinco dias, ela havia sido prorrogada pela Justiça por outros cinco dias, em 20 de junho, a pedido do Gaeco.

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