Advogado comandaria quadrilha de tráfico em presídios



Carlos Eduardo de Faria entregou telefone celular para preso no CDP, em maio

Marcelo Roma
      marcelo.roma@jcruzeiro.com.br

O advogado criminalista Carlos Eduardo Soares de Faria, 25 anos, está preso acusado de comandar uma quadrilha de tráfico de droga formada na maioria por mulheres. No dia 10 de maio, ele entregou um telefone celular para um preso no parlatório do Centro de Detenção Provisória (CDP), através da grade. Na ocasião, foi autuado em flagrante, mas não ficou preso. Ele estava sendo investigado pela Polícia Civil e no dia 26 de julho foi preso em sua casa, no condomínio Granja Olga, com mandado de prisão temporária, na Operação Cárcere.

A quadrilha de tráfico teria 15 pessoas, sendo 11 mulheres. O advogado comandaria todo o esquema, que incluía a cadeia feminina de Votorantim. A droga entraria ilegalmente para ser vendida a outras presas pelas mulheres ligadas ao advogado, também presas. Uma delas, Suelen Kubo Albuquerque, admitiu ontem na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) que Carlos defendeu-a no processo sob a condição de traficar para ele. O advogado tiraria proveito da profissão de advogado para ampliar a rede de tráfico, pois mantinha contatos diretos com presos e presas.

A investigação durou quatro meses e a venda de droga ocorria em Votorantim, Iperó e no Parque São Bento, em Sorocaba, segundo o delegado José Humberto Urban Filho. A maioria das prisões aconteceu entre junho e julho, diz o delegado da DIG. Vera Lúcia da Silva, conhecida como "Tia Vera", 48, já estava presa e seria a principal distribuidora de droga na cadeia de Votorantim.

No início, os policiais consideraram que a função do advogado era restrita a facilitar a entrada de celulares nos presídios, mas no decorrer da investigação ele mostrou ocupar posição de liderança no grupo. Das 15 pessoas, cinco mulheres estavam presas na cadeia de Votorantim por crimes anteriores. Três mulheres e um homem foram presos em junho e na semana passada mais quatro: Cecília Scarato, José Leonardo Venceslau, o "Lobão"; Ivani Mendes Teixeira Venceslau (mulher de José Leonardo); além do advogado.

José Leonardo e Ivani são acusados de traficar no Parque São Bento, em Sorocaba, e em Iperó. Ele negou a acusação diante de repórteres, ontem na DIG. Antônio Rodrigo Brezis, o "Batatinha", consta como procurado. Todo o grupo é acusado de tráfico de droga e associação para o tráfico, conforme o delegado. Eles movimentariam maconha, cocaína e crack.

Em maio, o advogado entregou um celular desmontado e duas baterias para preso no CDP. Agentes penitenciários confirmar que ele passou o aparelho por um vão aberto na grade do parlatório, onde os advogados conversam com seus clientes em sigilo. O celular e as duas baterias foram apreendidas com dois presos. Carlos não ficou preso por esse motivo. A direção do CDP mudou a grade do parlatório por vidros e não há mais contato físico entre advogados e os presos. Eles conversam por interfones.

Por ser advogado, Carlos não está sendo mantido em presídio comum. O lugar não foi divulgado. Um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanhou os policiais da DIG no cumprimento do mandado, na terça-feira. O presidente da subseção de Sorocaba da OAB, Alexandre Ogusuku, disse ontem que o advogado responde por processo disciplinar pelo episódio do celular. Quanto à acusação de tráfico, se for condenado ao final do processo Carlos será excluído da OAB, explica Ogusuku. No entanto, no caso de condenação, há possibilidade de Carlos voltar a advogar depois de cumprir a pena.

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1 Comentários

  1. vc acha este perigoso a justisa de hoje e uma merda o advogado esta souto so quem nao tem q esta preso o dinhero fala mais alto atem na leis

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