Linha 4 do Metrô tira passageiros da Sé, mas lota Luz, República e Consolação


Na Estação Pinheiros, onde há integração com linha da CPTM, número de usuários em dias úteis subiu de 8 mil para 96 mil em um ano


Bruno Ribeiro e Nataly Costa, de O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - O funcionamento em horário integral da Linha 4-Amarela do Metrô redistribuiu passageiros pelo sistema e conseguiu reduzir em 15% o número de pessoas que passam diariamente pela Estação Sé, uma das mais lotadas do mundo. Mas fez a lotação das plataformas migrar para estações antes tidas como mais tranquilas, como a República, cujo volume de passageiros quase triplicou.
Os dados estão em balanço do Metrô que compara a segunda quinzena de outubro (após a Linha 4 passar a funcionar em horário integral) e a segunda quinzena de outubro de 2010.
Melhorar a distribuição de passageiros era um impacto esperado com a construção da Linha 4, descrita como “linha da integração”. Números do Metrô mostram que a Estação Paraíso, da Linha 2-Verde, também foi beneficiada pelo novo ramal, com redução de 11% do número de usuários. Mas passageiros que saíram dessas paradas não desapareceram. Na República, em 2010, uma média de 62 mil passageiros circulavam nos dias úteis. Esses usuários se transformaram em 147 mil um ano depois, impulsionados pela integração entre as Linhas 3-Vermelha e 4-amarela.
O maior aumento foi na Estação Consolação. Lá, o crescimento de passageiros foi de 138% na comparação dos últimos dias de outubro com o mesmo período de 2010. São 169 mil usuários em média circulando entre segunda e sexta-feira na Consolação.
Fim de semana. Quando a Linha 4 passou a funcionar também aos domingos, a partir de 16 de outubro, o resto do sistema viu seus passageiros de fim de semana multiplicarem. A média mais que dobrou na Consolação e, aos domingos, na República, subiu de 14 mil para 37 mil - aumento de 163%.
A publicitária Andréa Medeiros, de 27 anos, diz que usa bem mais o metrô depois da Linha 4 e já nota superlotação. “Só lembrava de empurra-empurra na Sé, às vezes na Paraíso. Mas agora é preciso fugir do horário de pico na Consolação, na Luz e em todas as estações grandes.”
Nada se compara, entretanto, à situação enfrentada por quem usa a Estação Pinheiros, na zona oeste, onde há integração com a Linha 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O total de usuários lá, em dias úteis, saltou de cerca de 8 mil para 96 mil em apenas um ano (1.100%).
Impacto. No geral, a inauguração da Linha 4 teve impacto pouco significativo na operação do Metrô. Comparando setembro (antes de a Linha 4 funcionar o dia todo) com outubro, o total de usuários das outras linhas cresceu apenas 0,7% - foi de 3,86 milhões para 3,89 milhões de pessoas. Significa, segundo especialistas, que a lotação extra nas estações não é, pelo menos totalmente, feita por novos passageiros que a Linha 4 atraiu.
 
“Essa distribuição na rede era esperada. Mas estações centrais, como Sé, Luz e República, sempre estarão lotadas, porque são entroncamentos de linhas”, diz o professor de Engenharia de Transpores da USP Jaime Waisman.
Já o professor de Engenharia da FEI Heitor Kawano diz que a migração de passageiros não quer dizer que as paradas serão lugares mais confortáveis. “A Sé, por exemplo, estava completamente saturada. Com essa redistribuição, tornou-se um pouco mais operacional.” Para ele, essa explosão de passageiros ainda não está estabilizada. “As pessoas estão conhecendo a novidade. Com o tempo, algumas podem manter a integração como estão fazendo agora ou voltar às estações que usavam antes da Linha 4. E o que vai definir isso pode não ser o conforto da viagem, mas o tempo gasto no percurso.”

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