Escravos trabalharam para pagar dívida da santa, dizem os velhos


 Jornal Cruzeiro do Sul
 

A imagem da santa remete os atuais moradores do bairro do Carmo aos seus pais, avós e bisavôs repetindo as mesmas histórias que tinham ouvidos dos que viveram ali antes. De geração em geração, para geração, conta-se, mantém a versão de que os escravos trabalharam para pagar a dívida da santa. "Eles nunca contaram que dívida era essa, mas que tinham que trabalhar para pagar a dívida da santa", declara a moradora Elisabete Platão Tavares, 47 anos. Acredita que os atuais moradores e seus antepassados só tiveram o direito de usufruir daquela terra por causa da imagem de Nossa Senhora do Carmo. Elisabete diz que os pais dela faziam muitas promessas e a santa atendia aos pedidos.

Desde a terça-feira, quando foi percebido o furto da imagem, a comunidade intensificou suas preces. A coordenadora da igreja, Aparecida do Carmo de Borba, declara que o grupo de orações reúne-se na igreja pela manhã, no meio do dia e a tarde em preces pela intenção da recuperação da imagem. "Tantas histórias já foram contadas sobre ela, que ela foi retirada dessa igreja para ir para outras, mas sempre retornava para cá", compara a atual preocupação da comunidade com os antepassados.

Aparecida de Borba enfatiza que Nossa Senhora do Carmo é considerada por todos como mãe e sem a imagem está faltando algo. "Foi tirada uma coisa muito importante que faz parte da nossa vida, a fé que a gente tem não morre", afirma. Elisabete Tavares declara que a comunidade passa por um momento muito triste e faz um apelo. "Acho que levaram a imagem para nos atingir porque nossa senhora, para nós, foi o ponto principal. Seja (sic) por vingança ou pelo motivo que for a gente gostaria que essa pessoa devolvesse a imagem", pede. Conta que, quando encontrada, a imagem foi cuidada por uma família enquanto não houve a construção da igreja. "Eu tenho fé que ela vai ser devolvida porque ela é muito milagrosa, tem muitos milagres", acredita Elisabete. (L.N.)

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