Vereadores usam a tribuna para se defender de denúncia



Promotor que instaurou inquiérito sobre o caso recebe críticas
Jornal Cruzeiro do Sul
Wilson Gonçalves Júniorwilson.junior@jcruzeiro.com.br

Os vereadores de Sorocaba usaram a tribuna na sessão ordinária de ontem para sair em defesa dos colegas, ao dizer que não existe na cidade um esquema de "fura-fila" para agilizar o agendamento de consultas na rede pública municipal de saúde e que apenas direcionam ao Executivo os pedidos feitos pela população em seus gabinetes. Neste caso, nenhum dos vinte vereadores, tanto da base aliada ou mesmo da oposição, criticou a posição de outro parlamentar pela prática. Por outro lado, o promotor Orlando Bastos Filho, que instaurou inquérito civil para investigar o caso, teve seu nome citado, negativamente, várias vezes pelos parlamentares.

Na denúncia, feita pela TV Tem, munícipes procuravam os vereadores com a intenção de furar a fila e passar na frente de outras pessoas no agendamento de consultas, principalmente no atendimento de especialidades feita na Policlínica. Foram citados os seguintes parlamentares: Cláudio do Sorocaba 1 (PR), Pastor Luís Santos (PMN), Emílio Souza de Oliveira, Ruby, (PSC), Francisco Moko Yabiku (PSDB) e o presidente da Câmara, José Francisco Martinez (PSDB). 

O vereador Francisco França (PT), o primeiro a usar a tribuna, em nome da bancada do PT, disse que não existe esquema de "fura-fila" em Sorocaba e que apenas notifica as secretarias da Prefeitura de Sorocaba quando um munícipe procura ajuda em seu gabinete. "A partir do momento que chega alguém requerendo uma vaga em creche é feita a notificação à Secretaria de Educação e é pedido que o problema deste munícipe seja resolvido."

França decidiu atacar o promotor Orlando Bastos, inclusive dizendo que o representante tem vontade de ser vereador de Sorocaba. "Sua excelência, o promotor Orlando Bastos, é um direito que ele tem de investigar, agora ele precisa parar de demagogia e precisa parar de fazer pré-julgamento, ao dizer que tudo que vereador faz é pensando na próxima eleição", disse, retirando aplausos calorosos dos demais colegas na tribuna.

Um dos citados na matéria, o vereador Luís Santos (PMN), defendeu-se da acusação, ao dizer que não utiliza de tráfico de influência e que os encaminhamentos são feitos de forma transparente, com envio de ofício, acompanhado de laudo médico. Para ele, o munícipe procura a ajuda do vereador em último caso, quando todas as portas já foram fechadas, principalmente porque os serviços oferecidos pelo poder público não funcionam 100%. "Não estou praticando influência e não participo de esquema, jamais deixarei que um munícipe que bata desesperado em meu gabinete deixe de ser atendido, com a honra e cuidado que ele merece."

O vereador Cláudio Sorocaba 1 (PR), que também teve seu nome ligado à denúncia, foi outro que usou como argumento o fato do gabinete do vereador ser o último recurso de munícipes que estão desesperados por atendimento. "Em meu gabinete eu vou virar a costa, porque tem gente que não quer que eu atenda? Não vou fazer isso. Tem que atender e pronto, principalmente quem mais precisa, que é o povo pobre." 

O vereador Benedito Oleriano, o Ditão, defendeu os colegas e direcionou suas críticas ao promotor Orlando Bastos, ao dizer que o representante do Ministério Público - de certa forma - persegue o Legislativo sorocabano. O vereador Irineu Toledo (PRB) foi outro que defendeu os colegas na tribuna. "Tem pessoas esperando para uma intervenção há anos e que morreram. Então eu pergunto: que mal um vereador faz em solicitar da Secretaria de Saúde uma providência?".

O vereador Emílio Ruby (PSC) disse que não vê nada de errado em ajudar munícipes, tendo em vista que é um direito do cidadão ter o atendimento na saúde pública. "Ilegal é largar o povo morrer, seria omissão de socorro." Já o vereador Francisco Yabiku (PSDB), também citado na denúncia, disse que jamais teve atendimento preferencial na Secretaria de Saúde de Sorocaba para furar a fila e seu gabinete nunca atendeu munícipes com esta finalidade. "No caso da saúde, nos apenas encaminhamos estes agendamentos para sanar o problema do munícipe e a Secretaria da Saúde não privilegia por ser vereador."

Postar um comentário

0 Comentários