Bairro líder de roubo de carro não muda após um ano




GIO MENDES
Quem mora ou precisa trafegar de carro pelas ruas dos bairros do Jabaquara, na zona sul de São Paulo, e da Lapa, na zona oeste, tem grande chance de se tornar uma vítima de ladrões. Já faz um ano que as duas regiões estão entre as líderes no ranking dos locais onde ocorrem, respectivamente, mais roubos e furtos de veículos.
Nos primeiros três meses deste ano, o Jabaquara registrou 393 roubos de carros (sendo a região com mais crimes desse tipo na capital), um aumento de 83,64% em comparação com o mesmo período de 2011, quando houve 214 casos (a segunda no mesmo ranking naquela época).
A Lapa teve aumento de 2,20% no número de furtos de veículos de um trimestre para o outro, passando de 410 casos para 419. Tanto nos três primeiros meses deste ano quanto de 2011, a região foi a que teve mais desses crimes.
Em toda a cidade, 22.404 veículos foram parar nas mãos de criminosos de janeiro a março deste ano, média de 246 roubos e furtos por dia. É um crescimento de 13,82% nesses tipos de crimes em relação aos primeiros três meses do ano passado, quando 218 veículos eram roubos ou furtados diariamente no município. O comandante-geral da PM, Roberval Ferreira França, que assumiu o cargo em abril, já afirmou que o combate ao roubo e furto de veículos será prioridade para que os índices sejam reduzidos.
Especialista em segurança pública e professor de Direito Penal da Universidade de São Paulo (USP), David Teixeira de Azevedo acredita que faltou planejamento ao longo de um ano para evitar que os mesmos bairros fossem alvo da ação de ladrões de carros. “O melhor modo de coibir o crime ainda é o policiamento preventivo.” Para o especialista, parte dos veículos roubados e furtados vai parar em desmanches ou é vendida para outros Estados. Recentemente, a Polícia Civil descobriu que carros roubados eram negociados pela internet.
O comerciante Roberto Silva, de 48 anos, disse que falta policiamento na Rua das Grumixamas, uma das vias do Jabaquara que são alvo dos ladrões de veículos. “Nunca fui assaltado em 18 anos, mas moradores de prédios vizinhos já tiveram os carros levados por ladrões armados. Quando tem policiamento, fica tranquilo. Mas depois que a polícia para a ronda, os bandidos voltam”, afirmou Silva.
O capitão Marcelo David Vieira, comandante da 1.ª Companhia do 3.º Batalhão da PM, responsável pelo policiamento do Jabaquara, reconhece a dificuldade em manter patrulhamento constante em determinadas ruas. “Nós tentamos fazer uma prevenção ali (na Rua das Grumixamas), mas nem sempre podemos manter a viatura o dia inteiro num mesmo local, pois os policiais precisam patrulhar outras vias”, disse Vieira. Segundo ele, desde o começo deste ano foi intensificado o patrulhamento com moto.
A mesma dificuldade foi apontada pelo tenente Gabriel Rodrigues Benites Alves, do 4.º Batalhão, responsável pelo policiamento da Lapa. Segundo ele, a corporação faz um mapeamento das ruas com mais furtos e distribui as equipes em horários estratégicos. “Mas quando se combate o crime em uma rua, os ladrões vão para a de trás”, afirmou Alves.
Os bairros de Pinheiros e Perdizes também aparecem no ranking dos locais com mais furtos de carros. O capitão Eliel Pedro Tomazi, do 23.º Batalhão, responsável pelas duas áreas, disse que os ladrões migram de uma rua para outra conforme a atuação da PM. “Se a viatura passa por uma rua em determinado horário, os criminosos vão para outra ou furtam no período que a via fica sem ronda. O furto é um crime de difícil combate, pois acontece de forma rápida”, afirmou. Procurados pela reportagem, os batalhões responsáveis pelos bairros Jardim Miriam, zona sul, e São Mateus, zona leste, não se manifestaram.
Colaborou Camilla Haddad

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