Polícia Civil vai abrir inquérito para apurar crime de racismo


Vereador Yabiku acusa Caldini Crespo de ofensa à colônia japonesa

 Jornal Cruzeiro do Sul
Wilson Gonçalves Júnior
wilson.junior@jcruzeiro.com.br

A Polícia Civil vai instaurar inquérito policial para apurar se houve crime de racismo nas palavras proferidas pelo vereador Caldini Crespo (DEM) contra o parlamentar Moko Yabiku (PSDB), ocorridas na sessão ordinária de quinta-feira, durante a discussão do projeto de lei do IPTU Progressivo. Yabiku esteve ontem na Delegacia Seccional de Sorocaba para protocolar petição solicitando a abertura de uma investigação e encaminhou a polícia cópia da sessão ordinária e também de matérias jornalísticas. O vereador do PSDB também vai representar contra o democrata na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Vereadores de Sorocaba. O vereador Caldini Crespo (DEM) teria feito um comentário pejorativo a respeito da "raça amarela", mas alega que não cometeu crime de racismo e que em nenhum momento ofendeu a colônia japonesa.

O delegado assistente da Delegacia Seccional, José Antônio Belotti, disse que vai adotar as providências protocoladas ontem pelo vereador Moko Yabiku e abrir inquérito policial para apurar se houve ou não o crime de racismo. Segundo ele, será necessário ouvir todas as pessoas envolvidas, como os vereadores Moko Yabiku e Caldini Crespo, além ainda de outras testemunhas, como por exemplos outros parlamentares. Haverá ainda a necessidade de recuperação das imagens e do audio da sessão em que ocorreu o caso. 

Belotti informou ainda que não há um prazo para conclusão do trabalho e o inquérito policial, tão logo seja finalizado, será " encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPE). A promotoria será responsável pelo encaminhamento da denúncia, caso entenda em que houve crime, para apreciação da Justiça. Durante a discussão de emendas apresentadas no projeto de lei do IPTU Progressivo houve bate-boca entre os vereadores Caldini Crespo e Moko Yabiku. Em determinado momento, na tribuna, Crespo se dirigiu aos demais vereadores e disse: "Ele (Yabiku) quebrou a palavra empenhada. Não basta derrubar minha emenda como ele falou e gravou aqui várias vezes. Agora que estamos aceitando vereador Irineu, nós aceitamos e ele correu. Amarelou, mas ele é da raça amarela mesmo. Portanto, não é novidade."

Ontem à tarde, na delegacia, Yabiku afirmou que não percebeu na hora que Crespo "havia mexido com a raça amarela", fato que tomou ciência logo após o ocorrido. O vereador disse que não apresentou o pedido de abertura de inquérito policial no mesmo dia do ocorrido, na terça-feira, porque trabalhou com a razão e pensou muito antes de tomar a decisão. "Conversei com meu partido (PSDB) também e não quis me precipitar nas coisas."

Yabiku colocou ainda que apenas conversou com seu partido e não sofreu nenhuma influência de dentro do PSDB para procurar a Polícia Civil, justamente porque o vereador Caldini Crespo (DEM) e o prefeito Vitor Lippi (PSDB) andaram se estranhando e já discutiram publicamente recentemente. Ontem também, pela manhã, o parlamentar Moko Yabiku afirmou que irá representar contra o vereador Caldini Crespo (DEM) na Comissão de Ética. "Foi crime de racismo mesmo, ao meu ver e vou levar até as últimas consequências."
 
"Não cometi nenhum delito" 
O vereador Caldini Crespo (DEM), ao saber do pedido formulado pelo vereador Moko Yabiku na Polícia Civil, afirmou, na tarde de ontem, que não cometeu nenhum crime de racismo. "Eu não falei nada que pudesse ser conotado como racismo." Crespo disse ainda que sua única intenção foi dizer que o vereador Yabiku "amarelou", destoando inclusive da raça japonesa, que sempre cumpre com sua palavra. O vereador acrescentou ainda que tem o maior respeito pela colônia japonesa e o Yabiku está querendo colocar palavras na sua boca. 

"Se apresentou a denúncia tem que provar, senão a situação pode se reverter contra ele e o Yabiku pode ser enquadrado em denunciação caluniosa, quando tenta imputar crime a outra pessoa." O parlamentar acredita que não precisará ser ouvido, tendo em vista que todas as provas são documentais.
 
Ucens 
A União Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Sorocaba (Ucens) encaminhou a redação ontem uma nota em que repudia as palavras ditas pelo vereador Caldini Crespo (DEM), classificando-as como de "lamentável expressão discriminatória". A nota, assinada pelo presidente Ken Iti Nishihara, traz uma menção de apoio ao vereador Moko Yabiku. "Ele sempre manteve o perfil e postura dignas de um representante da nossa colônia, o nosso apoio e solidariedade."

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