Construtoras erguem prédios em terrenos contaminados


Folha de S.Paulo

O boom imobiliário e a falta de terrenos disponíveis têm feito construtoras erguerem prédios em áreas contaminadas na Grande SP.
Só na capital, 40 terrenos classificados como contaminados pela Cetesb (agência ambiental paulista) estão nas mãos do setor imobiliário. Desses, 15 já têm prédios prontos ou empreendimentos lançados.
A reportagem cruzou a relação de áreas contaminadas da Cetesb com locais que são ou serão condomínios.
Segundo moradores, o problema é que nem sempre as empresas avisam que o imóvel está nessa situação antes de o negócio ser fechado. Construtoras negam.
Há outras consequências. Ao ocupar um terreno contaminado, as construtoras são obrigadas a remediá-lo para o prédio ser ocupado. Só que, em alguns casos, a descontaminação leva mais tempo do que o previsto, o que pode atrasar a entrega.
Entre outros impactos estão também a desvalorização do imóvel e eventuais restrições à obra, como proibir a construção de um parquinho em determinado lugar.
Boom
As construtoras esbarram nas áreas contaminadas ao avançar sobre terrenos de antigas indústrias de 1970 e 1980. O problema costuma estar no solo ou na água.
Para obter o licenciamento ambiental da área, precisam fazer uma pesquisa prévia do terreno. Se houver contaminação, a empresa é obrigada a saná-la. Na maior parte dos casos, não há risco à saúde, segundo a Cetesb.
Entre os empreendimentos com área contaminada está o L'Essence, na Mooca (zona leste), em que cada apartamento vale R$ 1 milhão.
Um dos corretores disse desconhecer contaminação.
Outros empreendedores, como Rossi e Gafisa, também têm condomínios em áreas contaminadas.
Na Grande São Paulo, proprietários dos imóveis dizem só ter sido informados da contaminação depois de o negócio ser fechado.
"Fiquei sabendo por boatos. Nunca nem a construtora nem corretores falaram nada", diz o representante comercial Alexandre Schiavinatto, do Condominium Parque Clube, em Guarulhos, construído pela Helbaaco Empreendimentos.
Resposta
Construtoras dizem que tomaram todas as providências para descontaminar as áreas em que construíram.
Negam, além disso, ter omitido dos compradores a informação sobre a contaminação.
A PDG, do condomínio L'Essence, afirma que o dado consta do memorial descritivo do imóvel.
E que o terreno está descontaminado --a etapa atual, segundo a empresa, é de monitoramento para saber se não há mais problema.
Rossi e Gafisa dizem que cumprem todas as exigências da agência para sanar os danos nos terrenos.
Responsável pelo Condominium Parque Clube, em Guarulhos, a Helbaaco afirma já ter concluído a remediação do solo antes de entregar o empreendimento e que agiu de acordo com a lei.
Segundo a empresa, o Parque Clube foi entregue em maio de 2011, com um mês de atraso.
Em 2010, a Helbaaco firmou um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público no qual abriu a possibilidade de os compradores desistirem, com devolução do dinheiro com correção.

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