Escolas estaduais registram baixo desempenho dos alunos



Foram avaliados estudantes do 5º e do 9º ano do ensino fundamental

Rosimeire Silvarosimeire.silva@jcruzeiro.com.br

A maioria das escolas da rede estadual de Sorocaba teve queda no desempenho dos alunos do 5º ano do ensino fundamental em 2012. Segundo levantamento divulgado na última semana pela Secretaria de Estado da Educação, das 34 escolas que oferecem esse nível de ensino, 24 tiveram redução na nota do Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) em relação ao ano anterior e apenas dez conseguiram melhorar o seu desempenho. Já entre os alunos que concluíram o ensino fundamental (9ª ano), a maioria das escolas 55 escolas da rede conseguiu superar a nota obtida em 2011. Deste total, no entanto, 22 pioraram o seu desempenho.

O Idesp leva em conta o desempenho dos alunos nas provas de língua portuguesa e matemática do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), além de indicadores de aprovação, reprovação e abandono. Na primeira fase do ensino fundamental, 18 escolas da rede ficaram abaixo do índice médio alcançado pelo município em 2012, que foi 4,26 (referente a uma escala de 0 a 10). Em 2011, o índice médio nesta fase foi 4,61. A menor nota dentro desta faixa de ensino foi obtida pela Escola Estadual Professor Salvador Ortega Fernandes, do bairro Itavuvu, que ficou com 1,52. No ano anterior, a escola havia conseguido o índice de 5,02. A segunda menor nota ficou com a EE Reverendo Augusto da Silva Dourado, no Jardim Iporanga, que caiu de 9,3 para 2,63.

O melhor desempenho na primeira fase do ensino fundamental foi obtido pela EE Baltazar Fernandes, na Vila Santana, que registrou índice de 6,47, resultado próximo da meta da Secretaria de Estado da Educação, que estabelece um índice mínimo de 7 em todas as escolas da rede até 2030. Em 2011, o Idesp alcançado pela escola foi de 6,20. Mas mesmo entre as dez escolas que obtiveram a melhores pontuações, apenas a metade delas conseguiu crescer no seu desempenho. O restante teve um resultado abaixo do ano anterior. A EE Visconde de Porto Seguro, no Centro, por exemplo, que obteve a segunda melhor pontuação no Idesp 2012 (5,59), teve o resultado inferior ao Idesp 2011 (5,88).

Média menorApesar da melhora no desempenho da maioria dos alunos da fase final do ensino fundamental, a média obtida pelas escolas da rede estadual nesta etapa de aprendizado representa praticamente a metade do desempenho das séries da primeira fase. No 9º ano, a média do Idesp 2012 do município foi de 2,70 (para uma escala de 0 a 10), praticamente o mesmo do ano anterior (2,68). Das 54 escolas da rede estadual na cidade que oferecem esse nível de ensino, 31 sequer conseguiram atingir essa média. A menor nota ficou a EE Professora Wanda Costa Daher, do Conjunto Habitacional Ana Paula Eleutério (Habiteto), que ficou com 1,31, abaixo do índice registrado em 2011 (1,44). A segunda pior nota foi obtida pela EE Professor Altamir Gonçalves, do Jardim Belmejo, que caiu de 1,46 (registrado em 2011), para 1,36.

A melhor nota do Idesp 2012 foi conquistada pela EE Professor Luiz Gonzaga de Camargo Fleury (3,98), mas o resultado está abaixo do Idesp 2011 (4,18). A EE Doutro Arthur Cyrillo Freire, na Vila Jardini, que ficou com o segundo melhor índice deste ano entre as escolas do 9º ano (3,96) também não conseguiu nem mesmo repetir o resultado do ano anterior (3,99).

Falta incentivoPara o coordenador regional da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Fundamental do Estado de São Paulo), Alexandre Tardelli, o mau desempenho dos alunos da rede estadual de ensino está relacionada com a falta de política de atenção por parte do Estado para as instituições de ensino. Segundo ele, a diluição das redes públicas de ensino entre o Estado e o município tem resultado numa menor atenção por parte do Governo do Estado. "Ano a ano vemos que o Estado vem deixando de assumir a sua responsabilidade em relação à educação, principalmente em relação aos profissionais que atuam na rede".

Tardelli afirma que há pelo menos dez anos, o Estado não promove um concurso para contratação de professores efetivos para a renovação do quadro e adotou como modalidade usual a contratação de temporários para cobrir as lacunas na grade, o que prejudica o rendimento do aprendizado em sala de aula. Os baixos salários pagos pela rede estadual, cita ele, também tem contribuído para uma migração dos professores para a rede municipal. "Hoje vemos muitos alunos ficarem sem aula devido à falta de professores, num verdadeiro apagão educacional, fenômeno, aliás, que não se restringe à rede estadual", diz. 

Outro problema citado pelo coordenador a Apeoesp e que contribuiu para o baixo rendimentos dos alunos da rede municipal, principalmente na primeira fase do ensino fundamental, é o excesso de alunos em sala de aula. Segundo ele, atualmente a média de estudantes é de 30 a 35 estudantes por sala, o que impede que o professor possa fazer um trabalho mais diferenciado, principalmente na fase de alfabetização. 

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