Acusado de matar casal diz ter agido em legítima defesa

Jornal Cruzeiro do Sul

O empreiteiro Oroni Lopes da Rocha, 51 anos, acusado de matar a tiros o casal Samuel Teixeira da Silva, ajudante geral, 35, e a cozinheira Alessandra Soares de Oliveira, 29, por dívida de um mês de aluguel no valor de R$ 350, alega ter agido em legítima defesa, justificando que Samuel havia atirado antes. Esse foi o teor do seu depoimento dado ontem à tarde ao delegado titular de São Roque, Marcelo Pontes. 

Entretanto, a arma atribuída à vítima não foi localizada. O crime, ocorrido domingo pela manhã no bairro Paisagem Colonial, chocou a cidade e motivou até o apedrejamento da casa e do carro do empreiteiro, que depois do crime fugiu em companhia da esposa e dos três filhos. O filho mais velho do acusado, Emerson de Souza Rocha, 23 anos, preso segunda-feira, não confirma a existência da arma em poder do ajudante geral.

De acordo com o delegado, no depoimento que durou quase três horas, Oroni relatou que alugava a casa, na rua Cláudio Manoel da Costa, viela Almerinda, desde fevereiro ao valor de R$ 350 e que nos três primeiros meses os pagamentos foram feitos em dia, mas que depois começaram a atrasar. Na madrugada de sábado houve uma discussão entre o homicida e o casal, tendo Alessandra ferido o empreiteiro com uma paulada nas costas, e seu marido então o teria ameaçado de morte. Depois dos ânimos mais calmos, ficou combinado que o casal deixaria a moradia no domingo.

Na fatídica manhã de domingo, Oroni disse que foi até a casa das vítimas, acompanhado da esposa e dos três filhos para ajudar na mudança, mas que ao entrar, negando ter forçado o acesso, Samuel estaria armado com revólver calibre 38 e teria tentado disparar contra Oroni, mas as balas teriam picotado. Diante daquilo, Oroni revelou ter dito "você quis me matar, então você (Samuel) vai morrer". Os tiros contra Alessandra teriam sido disparados para se defender dela, que tinha se utilizado de um pedaço de pau. Depois do crime, toda família fugiu para Indaiatuba, onde passou toda a tarde num churrasco. Emerson foi detido naquela cidade, na tarde do dia seguinte.
 
Divergentes 
O delegado Marcelo Pontes disse ontem que os depoimentos de pai e filho são diferentes, destacando que pela narrativa do filho do criminoso, o pai teria arrombado a porta da casa, e Samuel não tinha nenhuma arma. A única coisa em comum é que a cozinheira tinha realmente se armado com um pedaço de pau.

Ainda segundo o delegado, durante o depoimento, Oroni se mostrou tranquilo, sem esboçar nenhum arrependimento. O empreiteiro, que tem antecedentes criminais por tentativa de homicídio, porte de arma e resistência, e roubo, no início do ano protagonizou também um caso inusitado: de um soco em um menino de apenas 9 de idade, apenas porque a criança enroscou a pipa no telhado da casa do empreiteiro, que agora foi indiciado por duplo homicídio duplamente qualificado pelo motivo torpe e dificultar a defesa das vítimas, cuja pena varia de 20 a 30 anos de prisão em regime fechado.

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