Inadimplência no comércio atinge os R$ 50 milhões


Marcelo Roma
marcelo.roma@jcruzeiro.com.br

A inadimplência aumentou 3,3% em Sorocaba, em agosto, na comparação com julho. Em relação a agosto do ano passado, houve diminuição de 5,2%. Os dados são do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), administrado pela Boa Vista Serviços. No acumulado dos últimos doze meses, houve aumento de 1,7% no registro de inadimplentes. Na comparação de janeiro a agosto de 2013, para os mesmos meses do ano passado, a redução foi de 1,4%. A taxa de 3,3% de aumento na inadimplência de julho para agosto é maior que às da região administrativa de Sorocaba (1,7%), do Estado (1,1%) e do Brasil (1,0%), conforme a estatística do SCPC.

Na recuperação do crédito - que é benéfica para o comércio, pois devedores podem voltar a comprar pelo crediário - o índice também foi de 3,3% na comparação de agosto a julho. Na região, o aumento foi de 3,0%; no Estado, 4,4%; e, no País, 3,3%. Na comparação de agosto de 2013 com o mesmo mês do ano passado, a recuperação do crédito em Sorocaba teve redução de 2,6%. Na região, também houve queda, de 2,7%; assim como no Estado, 2,4%, mas houve aumento de 2,4% no País.

O presidente da Associação Comercial de Sorocaba (Acso), Nilton da Silva Cesar, avalia como boas as vendas do comércio no início do segundo semestre. Sobre a taxa maior de inadimplência entre julho e agosto, ele considera que pode ter sido consequência da instabilidade econômica e política ou acúmulo de contas a pagar, somadas às despesas do início do ano, como impostos e ainda as parcelas de compras feitas no ano anterior. "As manifestações de junho afetaram o funcionamento do comércio, geraram um clima de instabilidade, mas não dá para especificar se foi um motivo ou outro", diz Nilton Cesar.

A média mensal de inclusões de nomes no SCPC em Sorocaba é em torno de 2 mil, conforme números da Acso. As exclusões (recuperação de crédito) variam de 1.200 a 1.500. Há cerca de 100 mil nomes ou CPFs que constam da lista de devedores no município, somente de estabelecimentos comerciais associados, informa Cesar. Somadas, as dívidas chegam a R$ 50 milhões, o que dá R$ 500 em média por devedor. Para o presidente da Acso, esse montante é razoável para uma cidade do porte de Sorocaba.

Na própria Acso - que fica na rua da Penha, 535, Centro - os devedores podem negociar e saldar a dívida. Segundo a coordenadora de marketing da Acso, Mariana Camargo Correa, são cerca de 900 lojas ou empresas que autorizam a negociação. Muitas vezes, as pessoas evitam de ir à loja. Há vários motivos para isso. Acham que podem ser mal atendidas na loja ou simplesmente têm vergonha de comparecer na loja. Segundo Cesar, existem muitos casos em que parentes emprestam o "nome" para um crediário, por exemplo. Ou seja, quem fez a dívida não é necessariamente quem tem o nome colocado no SCPC.

O operador de máquina Odair Gonçalves saldou a dívida de R$ 70 em menos de cinco minutos, na Acso, ontem à tarde. Contou que teve despesa imprevista na família, por motivo de saúde, e não pôde pagar as parcelas da loja de calçados. Ele também deve cerca de R$ 100 para o operadora de celular Vivo e que pretende saldar nos próximos dias.

A perda de emprego e a falta de planejamento na hora de comprar (acúmulo de parcelas a serem pagas) são os principais motivos alegados pelos devedores quando saldam suas dívidas. Em Sorocaba, o desemprego responde por 30%, conforme pesquisa feita na Acso junto às pessoas que recuperam o crédito. As compras além da capacidade do orçamento são 25%, de acordo com Mariana. Em novembro, a Acso lança a segunda edição da campanha Recupere seu Crédito.

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